Resenha: Colega de Quarto

Título: Colega de Quarto

Autor: Victor Bonini

Páginas: 278

Editora: Faro Editorial

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     Um suspense psicológico com uma trama que começou como um quase sobrenatural, mas que deu um salto para o policial. Uma história cheia de personagens complexos e alguns bastante curiosos. Aos olhos do leitor, todos parecem culpados, mas a surpresa fica só no final.

     

" - Por que alguém arrumaria o apartamento antes de se matar? - perguntou-se dona Aparecida, ingênua. - Quer dizer, eu acho que ele não devia se importar com mais nada, não é mesmo?"
Pag. 55

     "Colega de Quarto" é o primeiro livro do autor Victor Bonini, que por sinal tem grande experiência com a escrita, pois já trabalhou em grandes redações, como a Tv Globo, Globonews, entre outras.

     Acredito que o autor tenha como inspiração autores como Stephen King e Agatha Christie, pois vários elementos característicos dos dois são encontrados neste livro.

"Não supunha que chegaria a vê-lo pessoalmente - e o seu colega de quarto."
Pag. 15

      O livro é dividido em três partes. A primeira leva o título de Medo, e nele iremos conhecer Eric Schatz.

     Eric mora sozinho em um confortável apartamento em um bairro nobre de São Paulo. Há algum tempo ele vem sofrendo umas paranoias que o levam a acreditar que está enlouquecendo.

     Vestígios de um morador invisível são encontrados no quarto de hóspedes de seu apartamento, e por vezes em outros cômodos também.

     Um chinelo já usado no banheiro, farelo e embalagens de bolo que ele não comeu, um microondas ligado durante a madrugada enquanto ele estava dormindo.

     Eu teria me mandado dali há muito tempo, mas Eric decide pedir ajuda a um advogado que também é detetive particular logo depois de visualizar claramente o corpo do homem entrando pela porta.

     Só que ele chega ao escritório do advogado Conrado Bardelli às duas da madrugada sem saber se o encontraria ali.

     

     Conrado Bardelli, também conhecido como Lyra, fica curioso com a história que Eric lhe conta, mas não dá tanta atenção. Achou estranho que Eric não tenha procurado a polícia, mas Eric queria que um investigador descobrisse a verdade. Confuso, Conrado deixa a oportunidade passar.

     Algum tempo depois, às quatro da madrugada, Conrado recebe uma ligação de um Eric totalmente assustado e convicto que seu colega de quarto está dentro do apartamento. Abruptamente a ligação é encerrada.

     No dia seguinte o delegado Wilson procura Conrado para que ele o ajude a desvendar uma morte do qual Conrado está envolvido, já que a última ligação que o morto fez foi para Conrado.

     Eric se jogou da sacada do apartamento. Aparentemente trata-se de um suicídio, mas Conrado não acredita nisso. Ele tem certeza que Eric foi assassinado.

"Ressurgiu na memória aquela cena do cadáver estraçalhado no chão; seu nariz foi revisitado pelo cheiro de sangue e carne humana se sobressaindo ao aroma das flores do jardim."
Pag. 49

     Turvo é o título da segunda parte e basicamente irá adentrar na investigação deste possível assassinato.

     A narrativa se tornou bem mais lenta, se comparado com a primeira parte, que é pura adrenalina. Toda a explicação, investigação, busca, conversas... Enfim, tudo isso deixa mesmo mais devagar, mas é necessário para entendermos as motivações de cada personagem e o porque de cada um deles fazerem parte da trama.

     Lucidez é a terceira e última parte do livro e acaba com todos as dúvidas. Um encerramento digno de uma grande obra do gênero.

     Não imaginei o final em nenhum momento. Percebi que tinha um cabeça por trás da trama, mas não percebi mesmo quem era.

"Contudo, os indícios de maus-tratos com as plantas, aliados à gritante falta de coerência e originalidade do conjunto, criavam uma sensação de abandono que faria qualquer paciente psicologicamente abalado chorar."
Pag. 75

     O trabalho gráfico que a Faro Editorial desenvolve para os seus livros é uma coisa de louco! Lindíssimo!! Capa incrível, diagramação impecável, detalhes ricos e bem pensados. Tudo de primeira! Amo todos os livros da Faro, são de encher os olhos.

     Gostei da forma como o autor narra. Acho dificílimo o jeito que ele escolheu para trazer sua história. É narrado em terceira pessoa, pelo ponto de vista de praticamente todos os personagens, contando desde os seus pensamentos. Entrando e saindo da cabeça de  cada um deles. Um desafio que o autor fez muito bem, e me convenceu da sua experiência literária.

     Também gostei da história, mesmo tendo achado alguns momentos mais lentos, ainda assim valeu muito a leitura. 

     Se você gosta de livros policiais e de suspense psicológico, "Colega de Quarto" é certeza de leitura agradável.

     Se joga!! Leia logo!!!

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