Resenha: Fuja, Coelhinho, Fuja

Título: Fuja, Coelhinho, Fuja

Autora: Barbara Mitchelhill

Tradução: Luiz Antonio Aguiar

Páginas: 233

Editora: Biruta 




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     Não é à toa que este livro ganhou tantos e tantos prêmios. Ele merece muito mais que prêmios, ele merece ser lido por todos!!!


" - Meus filhos já sofreram demais, Dotty. O bombardeio não foi o bastante tirando a mãe deles? Não posso deixar que me percam também. Vamos ficar juntos."
Pag. 18



     Em "Fuja, Coelhinho, Fuja" vamos conhecer personagens marcantes que fazem qualquer coisa pra ficar junto, e que acreditam muito nas suas convicções. Personagens simples, mas muito fortes!

     Um bombardeio levou a mãe de Lizzie e Freddie deixando os dois somente com o pai e uma tia horrorosa que só fazia maltratar os pequenos. 

     Lizzie tem onze anos e Freddie apenas seis. Os dois são muito unidos e o pai é tudo que eles tem e amam. 

     Porém o pai não quer ir pra guerra, não quer lutar e não vê vantagem nenhuma em matar pessoas. Ele não entende e não acredita que matar outro ser humano possa ser positivo para um país. E por isso ele é constantemente chamado de covarde e pacifista. Na época o termo 'pacifista' era pejorativo, chamar alguém assim era o mesmo que ofender, mas o pai das crianças não liga muito pra isso. Está decidido a enfrentar qualquer desafio para ficar com os filhos.


"Sabe quando a gente pensa que está quase chegando e o motorista para e diz que a gente vai fazer o resto do caminho a pé, então o pai fica furioso e eles começam a discutir sobre dinheiro? Bem, foi essa a história."
Pag. 33


     O pai até chega a explicar seus motivos para as autoridades, mas não tem desculpa, ele tem duas escolhas; ou vai lutar na guerra ou vai para a prisão.

     Diante dessas duas alternativas, ele decide então fujir com as crianças.


" - Grande coisa! - rebateu Colin Patterson. - Em Islington levávamos nossas camas todas as noites, depois da escola, para o porão. Podíamos escutar os bombardeiros... BUMMM!... BUMMM!... BUMMM!... Durava a noite inteira, mas não conseguiam nos pegar, ali embaixo, entende? Foi uma ideia brilhante. E a gente passava a noite cantando e tudo o mais."
Pag. 157


     A primeira fuga é para um lugar que parece uma vila onde todos os moradores se ajudam, todos são muito unidos e todos tem em comum a fuga. É um lugar de refugiados. Lá eles farão novos amigos, novas conquistas... Tudo novo, mas eles não ficarão por lá muito tempo. A ameaça de ser preso e ficar sem as crianças é constante, e por isso eles fogem outra vez.

" - Você tem uma mão mais firme, Lizzie. Desenha uma linha na parte de trás da minha perna, por favor."
Pag. 101


       Neve, frio extremo... Essa família fará de tudo para permanecer junta. Algumas vezes é desesperador. Não dá pra ver futuro para eles... É bem triste. E só o que eles queriam era ficarem juntos, mas não pode. Pelas regras da sociedade da época os pais devem ir para a guerra e seus filhos devem ir para abrigos ou casas de famílias que estejam dispostas a trazer crianças para a casa. Isso é tão horrível quanto humilhante.

     Já li muitos livros sobre a guerra, pessoas que foram levadas para campos de concentração, que estavam no front, todo tipo de ficção e não ficção sobre este tema. Todos são sofridos e muito doloridos, mas "Fuja, Coelhinho, Fuja" é o primeiro que leio sobre uma família tentando se esconder da guerra. E eu simplesmente me rendi. Me apaixonei logo nas primeiras páginas... Lizzie é tão incrível, especial, amorosa e ela tem uma esperança tão grande dentro dela. 

     Na escola ela sofria tantas humilhações por causa do pai. As crianças eram proibidas de conversar ou brincar com Lizzie por causa do seu pai 'covarde e pacifista'. Mas ela nunca deixou que isso abalasse sua admiração por ele. Ela realmente acreditava no que ele dizia, mesmo que fosse contra tudo e contra todos. Amor incondicional mesmo!!!

     Terminei de ler ontem e ainda estou em estado de amor e sofrimento com o livro. Queria mais, mais amor, mais família, mas doçura... Queria ler sobre eles depois da guerra... São tantas vontades, mas isso tudo é só porque fui conquistada por eles!

     Além disso tudo, o livro ainda traz muitas curiosidades sobre esta época. Vou citar duas que eu achei muito interessante.

     A primeira é quando a Lizzie desenha um risco na perna das garotas que moram com ela para elas saírem. Acontece que na época as mulheres usavam meia-calça sempre, e essas meias tinham a marca da costura que ficava na parte de trás das pernas. Durante a guerra tudo era muito escasso e o dinheiro era curto, comprar meias seria impossível. Por isso o desenho nas pernas era imprescindível para saírem. 




 





     A segunda curiosidade é o título do livro "Fuja, Coelhinho, Fuja". Do original "Run, rabbit, run" é uma música escrita por Noel Gay, foi muito tocada durante a II Guerra. 

     A música me deixou com um ar de nostalgia e fiquei imaginando a carinha das duas crianças brincando em meio a tanta maldade e desgraça. Dá até pra visualizar a família e todos os amigos que ficaram pelo caminho.

     Escute e viaje também!!





 
     O trabalho gráfico da biruta é maravilhoso!!! Uma edição linda para um livro lindo!! Perfeito mesmo!!
 





     As ilustrações são simples, mas ao mesmo tempo dizem tanto sobre a trama... As cores fortes e os traços marcantes te levam direto para o mundo em que os personagens viviam.

     Mais uma coisa interessante, os personagens são fictícios, mas todos os lugares citados no livro são reais. Fico imaginando se as pessoas que moravam ali tinham essa bondade toda que encontrei em alguns moradores. Espero que tenha sido assim.

     Um pouco de ficção numa história real e horrível. Um pouco de amor onde só tinha dor. A leitura deste livro foi algo que me contagiou, me encheu de amor e esperança na humanidade. E me trouxe um sentimento que anda passando despercebido por todos, a solidariedade.

     Recomendo para todos de todas as idades. Este livro deveria ser obrigatório nas escolas. Deveria haver discussões e debates sobre o tema nas escolas. Quem sabe assim teríamos um mundo melhor amanhã?!

     Amei!!! Leiam!!!!












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9 comentários

  1. Puxa, eu amei o que li acima!!!
    Conheço poucos livros assim, que falam sobre a fuga das guerras. O proteger a família, salvar os filhos da dureza e crueldade que só uma guerra pode trazer!
    Duas crianças tão pequenas e tendo que viver assim, nas fugas, no medo.
    Entendo porque há tanta emoção em cada letra.
    Lista de desejados, agora!!!!
    Beijo

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  2. Oie,
    nossa nunca tinha ouvido falar deste livro, mas achei bem legal.
    Não parece ser meu estilo de leitura, mas fiquei interessada.

    bjos
    http://blog.vanessasueroz.com.br

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  3. Olá, Lelê.
    Não conhecia o livro, mas como me interesso muito por enredos que se passam durante a guerra, fiquei muito interessado. Principalmente porque a premissa desse é bem diferente: um pai que foge da guerra para proteger os filhos.
    Sem dúvidas uma excelente dica de leitura.

    Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de agosto. Serão dois vencedores.

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  4. Adorei! Eu estou em uma ressaca das bravas, preciso de um livro como esse, que me coloque para pensar a guerra nestes termos. Não há como se envolver, como se colocar no lugar - e, tenho para mim, que nossa "cultura de paz", que nós brasileiros alardeamos para os quatro cantos do mundo nos fazem entender perfeitamente a atitude do pai. Quero muito ler ;)

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  5. Oi Lelê, gostei bastante da premissa do livro, e gostei dessa mescla de realidade com ficção. acho que um livro assim sempre nos deixa ainda mais interessados. Vou dar uma oportunidade com certeza!

    Beijos,
    Joi Cardoso
    Estante Diagonal

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  6. esse é um daqueles livros que eu quero pra ontem, pra você ver, é tão simples a capa, dá uma outra conotação e de repente a história é cheia de reviravoltas intensas de um periodo tão dificil
    felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  7. Le!
    Além de gostar dos livros ambientados na guerra, gosto muito quando o autor usa do artifício de ambientar um enredo de ficção em locais que realmente existem, da mais veracidade a história.
    O livro é bem conhecido, mas ainda não li e adorei!
    Boa semaninha!!
    “A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre.”(Oscar Wilde)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    Participe no nosso Top Comentarista!

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  8. Com certeza, com essa resenha maravilhosa, está na minha lista (gigante) de desejados!

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  9. Já estava bastante interessada em ler esse livro só pela sinopse, curto muito um enredo que se passa durante a guerra e agora depois de ver essa resenha fiquei ainda mais curiosa em conferi essa história que parece ser excelente.

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