Título: É Hora de Falar
Autora: Helen Lewis
Páginas: 224
Editora: Bertrand Brasil
Que a dança tem o poder de melhorar a vida de todos que a praticam, disso não há dúvidas; mas no caso de Helen Lewis, a dança realmente a salvou da morte.
"Antes mesmo de 1942, os judeus haviam sido obrigados a entregar às autoridades alemãs não apenas seus rádios, mas também suas joias, prataria, casacos de pele e todas as suas coisas de valor."
"É Hora de Falar" é a autobiografia de Helen Lewis, sobrevivente da Segunda Guerra Mundial.
Neste livro Helen conta tudo, ou quase tudo pelo que passou. O que me encantou neste livro foi a forma como a autora narrou todos esses acontecimentos.
"Erica, a paciente do leito ao lado, recebeu um cartão de um amigo que tinha sido enviado de Praga para Auschwitz por questões politicas. Parece que ele desaparecera lá havia muito tempo e não receberam mais notícias suas."
Vou tentar transformar esta narrativa em imagem na sua cabeça.
Quando você assiste uma bailarina se apresentando para um grande público, o que você vê?
Eu vejo uma moça bonita com passos leves, movimentos suaves... Mas por trás de tudo isso sabemos que existe uma bailarina que sofre com dietas pesadas, que tem os pés machucados ao extremo, muitas vezes até sangrando, mas em nenhum momento ela deixa essa dor transparecer e sempre se apresenta com um lindo sorriso estampado no rosto.
"No entanto, me sentia feliz em trabalhar com eles e estava ansiosa para provar que favia uma mente saudável dentro daquele corpo ainda frágil."
Por mais que Helen Lewis tenha passado por vários campos de concentração, inclusive Auschwitz, ela parece sempre estar amenizando a dor para o leitor.
Ela não esconde o quanto sofreu, mas procura mostrar quem a ajudou, o pão que comeu, a hora que dormiu... Por pior que seja a vontade de viver.
E foi no momento em que ela estava chegando no fundo do poço que a dança retornou e a salvou pela primeira vez. Começou a ensaiar com outras mulheres do campo de concentração para a apresentação de Natal e depois do Ano Novo; em troca ela ganhava um pedaço de pão ou algo que matasse um pouco a fome, pão este que ela sempre dividia com sua companheira.
Além disso, ela ganhava também mais um dia sem ser transferida para campos dos quais ninguém voltava.
"Velhos e jovens, inválidos e crianças de colo, eram todos espremidos de tal forma nos vagões que era impossível se mexer."
Enfim, apesar de ser uma autobiografia, e que a vida da autora não é segredo nenhum, basta jogar o nome dela no google ou no wikipedia para saber tudo sobre Helen Lewis, eu aconselho que vocês leiam o livro e descubram pelas palavras dela. Afinal, este foi o momento em que ela decidiu falar.
Me recuso a contar e tirar a beleza da leitura. O que importa foi essa imagem que ela me passou da bailarina sorrindo com os pés sangrando.
Nenhuma dor é maior do que o amor e a vontade de viver.
"Aqui, a natureza havia morrido junto com as pessoas. Os pássaros haviam fugido da fumaça negra dos fornos crematórios, fumaça que a tudo impregnava, e a sua partida deixou um silêncio que mais parecia um grito de horror."
A leitura não foi tão rápida quanto eu achava que seria, não foi fácil digerir algumas coisas. Precisei parar várias vezes para respirar fundo e criar coragem para recomeçar.
É muito sofrimento... E mesmo depois do fim da Guerra as coisas não se tornaram melhores.
"Enquanto a prisioneira respondia às perguntas, o doutor Menguele examinava o corpo dela. Todas que apresentassem algum tipo de marca ou mazela, varizes, inchaços, descolorações ou cicatrizes recentes eram levadas a atravessar uma porta situada atrás da equipe da SS e nunca mais seriam vistas."
Mas no final a bonança.
Amei muito a leitura. Tocante, emocionante, uma grande lição de vida!
Com uma capa magnífica, diagramação ótima e um mapa que mostra o quão longe Helen viajou pesando em média 30 quilos e doente! É de cortar o coração.
Recomendo para quem gosta ou tem curiosidade de saber mais sobre a Segunda Guerra Mundial pelos olhos de uma sobrevivente.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá, Lelê.
ResponderExcluirNão conhecia o livro, mas a premissa me chamou a atenção. Uma autobiografia de alguém que passou por tantos percalços com certeza deve ser algo enriquecedor. Apesar de eu não ser um fã do gênero, para esse livro eu abriria uma exceção.
Vai para a lista de desejados.
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Oii Lelê
ResponderExcluirNão conhecia essa autobiografia da Helen, mas imagino que deve ser fantástica já que a história dela é muito forte. Vou procurar para ver se tem por aqui e com certeza entra para os meus desejados
Beijokas
naprateleiradealice.blogspot.com.ar
flor, ainda não li, mas os elementos da história são bem legais... pelo visto a trama é daquelas de arrebatar!
ResponderExcluirhttp://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/
Histórias de sobreviventes são sempre muito marcantes, impactantes e cheias de lição de vida, essa história parece ser realmente muito forte e inspiradora, gostei da sua resenha e fiquei curiosa pela leitura.
ResponderExcluirObrigada pelo carinho. Beijos :*
Claris - Plasticodelic
Le!
ResponderExcluirAmo livros sobres as guerras e esse que fala de superação em momento crucial através da dança, é um exemplo a ser lido.
Nem imagino o que ela passou, mas a lição de ter sobrevivido através de sua paixão e arte é magnífico!
“Se queres prever o futuro, estuda o passado.”(Confúcio)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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Oi Lelê!, já disse por aqui que livros que tenham como pano de fundo ou algo que remonte à Segunda Guerra Mundial sempre vai me chamar a atenção. É um período da história extremamente conturbado, e, justamente por isso, me atrai tanto, para tentar, talvez, entender tudo o que aconteceu. Não conhecia o livro, mais um que vai pra lista ;)
ResponderExcluirDois abraços ;)
Eu PRECISO ler esse livro, adoro histórias que se passando durante a II Guerra Mundial, fico impressionada, essas histórias são tão inspirados, então quando eu vi que se passava na IIGM, já fiquei afim, mas agora? Mais ainda, não posso nem esperar pra ler.
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