Resenha: Minhas Lembranças de Leminski


Título: Minhas Lembranças de Leminski

Autor: Domingos Pellegrini

Páginas: 199

Editora: Geração



COMPRE AQUI: BUSCAPÉ,  AMERICANAS,  SUBMARINO









     Estou acostumada a ler biografias onde o biógrafo faz pesquisas e entrevistas sobe a pessoa que irá ser biografada. Mas neste livro o foco são as lembranças. O que Domingos Pellegrini lembra do amigo Polaco que carinhosamente, ou não, o chamava de Pé Vermelho.




"O certo, certo mesmo, é que tudo é incerto,
e se de noviço não caminhei para monge,
achei caminho melhor nos livros do mosteiro,
no silêncio noturno, na procura da ponte entre
o antigo e o novo, o latim e o gibi, o 
pergaminho e a pornografia, os
versículos e o poema."
Pag. 43


     Agora imagine você, Domingos Pellegrini que é jornalista e escritor, já teve mais de trinta obras lançadas, ganhou seis vezes o prêmio Jabuti e foi convidado para escrever a biografia daquele que um dia havia sido seu amigo. É claro que não seria apenas uma simples história de um poeta. "Minhas Lembranças de Leminski" é muito mais. É histórico, rido, e foi o causador de toda a discussão sobre a proibição das biografias não autorizadas.

     Da para entender claramente o motivo da discussão quando se lê este livro, porém ele não mente. E mesmo que fosse proibido, o quê mudaria? Como mudar a imagem de alguém depois de morto? Pra quê?
     As lembranças são dele, isso ninguém pode tirar e muito menos proibir. Ainda bem! Só assim eu pude conhecer o "Polaco".


"Leminski falava alto, aumentando o
volume da voz conforme a quantidade
de doses de bebidas."
Pag. 87


     O primeiro contato de Domingos com Leminski foi com um texto escrito em uma revista. Alguns anos depois eles se conheceram.
     Discutiram, conversaram, beberam, fumaram, escreveram, curtiram, fizeram tudo que os amigos fazem.


"... portanto, dizer que Leminski tinha
cérebelétrico é pleonasmo."
Pag. 91


     Em 2013, vinte e quatro anos depois da morte de Leminski, Domingos recebe a proposta para escrever sobre o amigo.
  
     Só que já existiam biografias sobre ele, muito boas por sinal. Então o que escrever?

     E foram as lembranças que causaram polêmica.


"Tanto estranham que eu nunca tive carteira
de identidade... mas havia em Curitiba alguém
com mais identidade e mais identificável que eu?"
Pag. 139


     Domingos retrata aqui o amigo sem nenhum filtro. O louco, o poeta, o falador, o gênio, o 'escrevinhador' de coisas bonitas. E por falar em escrevinhador, Domingos, talvez inspirado em Leminski, coloca palavras em seu texto que são incríveis, invenções únicas e geniais que fazem todo o sentido.


"Amigo é para essas coisas, Polaco. Ou melhor:
amigo não é quem quer agradar com boas
palavras ou evita dizer palavras ruins; amigo
é quem diz o que é preciso."
Pag. 137


     Leminski tinha sérios problemas com a bebida. Chegava a tomar duas garrafas de vodka e algumas cervejas por dia, que ele inocentemente dizia que era para hidratar; não era adepto ao banho, costumava ficar com a mesma roupa por dias, dormia onde o sono o pegasse, cultuava um enorme bigode, provavelmente para esconder seus dentes, já que não consegui vê-los em nenhuma foto. Era casado e pai de duas meninas.
     Alice, a esposa de Leminski não é muito citada aqui, pois ela não mantinha uma boa relação com Domingos, o que aliás foi também uma das causas da quase censura desta obra.


"Pô, diz Pé Vermelho no sonho:
- Você vai se matar até morrer, né?
- Mas conto com você, cara, para reviver."
Pag. 23


     Nem só de defeitos era feito Leminski. Neste livro também vamos conhecer as maravilhosas traduções que ele fazia. Ele tinha o dom de traduzir grandes obras e acrescentar sentimento à elas. Ele praticamente reescrevia. E seu toque deixava ainda melhor. No livro tem trechos originais e os que ele traduziu, a diferença e a brasileirice de Leminski são deliciosas de se ler.


"Para Freud tudo é sexo, para Jung tudo
é simbolo, então prefiro Jung para analisar
meus sonhos, porque sexo eu mesmo faço."
Pag 26


     No final ainda tem um capítulo extra chamado "Posts" com algumas observações sobre a obra, sobre a disputa de egos dos envolvidos com o livro, e alguns emails trocados; com direito até a ameaças.
     Curiosidades de dar frio na barriga.


"... Toda Poesia virou best-seller, teve bela
edição seu Vida, quadrivolume de biografias,
então, o que mais escrever sobre Leminski."
Pag. 25


     Eu sabia que ia gostar do livro, já que gosto do gênero. O que eu não imaginava era me deparar com tanta riqueza de palavras e tanta beleza em forma de frases.

     A capa é linda e a contra-capa também. As páginas são amareladas e as fotos são maravilhosas. A fonte tem um tamanho ótimo, a leitura é rápida e muito confortável.

     Recomendo para quem gosta de saber mais sobre as grandes mentes que um dia passaram por este planeta. E para quem gosta de não ficção, daquelas bem escritas!!








6 comentários

  1. OOOOOOOOI, Alê! Bom dia, coooooomo está? ♥ Hmmmm, a capa em si não é naaaada atrativa, haha! Ao menos não me atraiu! Mas fui conferir a resenha, vai que seja bom? E não é que eu até me interessei pelo livro? Não sou muuuito fã de biografias, mas algumas eu até deixo passar, justamente por querer ler algo diferente... Eu nunca ouvi falar neste livro, mas aparenta ser mesmo bom! Até porque, como você disse, é uma biografia meio diferente, pois muitas delas no que dizem respeito a Leminski, já foram publicadas, então Domingos teria de fazer algo diferente, não? Gostei bastante dessas frases que você colocara aqui, Alê! Fizeram me interessar ainda mais por este livro! Só uma coisa: as páginas são amareladas? Mesmo? Na foto parecem brancas, ahusaushauh! Booooom, eu adoooooorei a sua resenha! Sabe por quê? Porque ela me fez ficar interessada por um gênero que não sou muito fã! Parabéeeeeeeens, hahaha! ♥

    Um enoooooorme e grande beijo,

    Juu-Chan || Nescau com Nutella

    ResponderExcluir
  2. A Naty já leu essa obra, mas eu ainda não tive a oportunidade. Posso dizer que estou louco para lê-la. Adoro o Leminski e quero conhecer mais sobre ele, sem aqueles filtros que as biografias normais trazem.
    Adorei a resenha, Lê.

    M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de julho

    ResponderExcluir
  3. Sou fã de biografias..ainda mais quando vem assim, despretensiosas. Lembranças...como é bom imaginar alguém que gostamos, por nossas lembranças. Nunca seriam histórias repetidas..afinal, cada um tem a lembrança que quer..que sente!
    Achei engraçado o fato dele não ser adepto de banhos..e até entendi porque a esposa não se dava bem com ele..rs(como fizeram os filhos?) Melhor não responder!rs
    Gostei muito e confesso, a capa é show demais!!!!!
    Um beijo e o livro vai pros desejados, com certeza!!!!

    ResponderExcluir
  4. Lê, esse livro foi me chamando a atenção aos poucos, acho que além de uma bonita homemangem dá uma outra visão do autor!
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  5. Oiii!
    Adoro Bibliografias! Leminski é uma das grandes personalidades da minha cidade, aqui volte e meia fala-se dele... namaioria das vezes são coisas boas, mas saber os lados negativos desse monstro da literatura deve ser ótima!
    Estou super curiosa para ler essa obra! Ainda mais com essas quotes que incríveis! :)

    um beeijo Lara
    http://meusmundosnomundo.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  6. Olá Alessandra,

    Parece um livro bem interessante e diferente, boa dica....abraços.

    devoradordeletras.blogspot.com.br

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Topo