#Resenha: Recordando Anne Frank

   

Título: Recordando Anne Frank

Autora: Miep Gies

Páginas: 250

Editora: Gutenberg











     Preparem seu coração. Este livro vai mexer com você.

     Miep Gies nasceu em Viena, Áustria. Ainda bem menina uma terrível Guerra começou. Até então não se sabia que seria a Primeira Guerra Mundial... porque ninguém esperava que houvesse outra depois daquela. Claro. Mas é aí que começa a história de altos e baixos da nossa heroína.

     Quando ainda menina, com seus cinco anos, Miep achava que homens fardados passando pelas ruas fossem bonitos e divertidos; mal sabia ela que sua terra estava passando por maus bocados. Logo a vida dela e de seus pais começou a ficar muito difícil. A inocência da menina não a deixava perceber o que o mundo vinha passando.

     Desnutrida e sem nenhuma perspectiva de sobreviver aos horrores do qual ela nem soube muita coisa, seus pais a entregaram para que fosse levada para outra família, na Holanda.

     Para quem não sabe, naquela época terrível de guerras, para proteger as crianças, equipes de salvamento levavam esses meninos e meninas para outros países, para que fossem "nutridos" novamente. Eles alimentavam e cuidavam dessas crianças até que pudessem voltar para suas famílias. 

     Pois bem, Miep foi levada para essa grande e amorosa família na Holanda. Ficou por um ano, depois mais outro, e outro... E quando se deu conta não queria mais voltar para seus pais biológicos. Ela tinha as outras crianças como seus irmãos, e os pais deles como seus próprios pais. E ela fala de seus pais como "pais biológicos" e "pais adotivos" e designa o mesmo amor para ambos.

     
"Mais de vinte mil holandeses ajudaram a esconder judeus e outras pessoas que também precisavam de refúgio durante aqueles tempos. Fiz de bom grado tudo o que podia para ajudar. Meu marido também. Mas não foi o bastante."Pág. 9


     Enfim, Miep cresceu. Seus pais era católicos, mas ela não gostava de frequentar igrejas, por isso ela seguiu sem religião definida. Não era cristã, nem judia. Se dava bem com todos de todas as religiões. Não criticava, nem tinha vontade de discutir sobre isso; apenas seguia sua vida.

     Já adulta, ela foi contratada para trabalhar numa empresa de fabricação de insumos para geleias caseiras. E rapidamente ganhou confiança dos donos da fábrica. Um deles era Otto Frank, que passou a ser também um grande amigo. Sua esposa era uma mulher muito delicada e educada, já suas duas filhas eram meninas bem diferentes, mas muito educadas também. Uma delas era Anne, uma menina espevitada e curiosa. Vivia perguntando tudo, e por isso Miep afeiçoou-se rapidamente a ela.

     Os anos se passaram e muitas coisas foram mudando aos poucos naquele lugar, que de tranquilo passou a ser um dos lugares mais perigosos do mundo. Isso porque a Holanda fica exatamente entre a Alemanha, Inglaterra e Bélgica, ou seja, no centro da Guerra que estava no início. A Segunda Guerra Mundial. 

     Ela mesma passou a ser perseguida por não ser Alemã e nem Holandesa, ainda mais por não apoiar os nazistas. Miep seria deportada. Foi então que seu namorado a salvou casando-se com ela. Não estou romantizando nada aqui, que isso fique claro. Henk e Miep eram apaixonados, mas não queriam se casar no meio daquela confusão toda, mas não houve outro jeito. E isso foi a melhor escolha que fizeram.Pois além de concretizarem o sonho de se casar, ela pode ser o que sempre quis, que era ser holandesa, e além disso, puderam juntos salvar muitas vidas. 

     E é só aí que a história que todos conhecemos em "O Diário de Anne Frank" tem início.

     Otto e sua família não tinham mais opções. Depois de serem humilhados e tratados como bandidos por serem judeus, eles só tinham um jeito para tentarem se salvar. Todos foram para o esconderijo. Um anexo do prédio onde funcionava o escritório. A porta minúscula atrás de uma estante levava por uma fina escada para o lugar onde ficariam a família deles, outra família e o dentista amigo de todos. Ao todo, oito pessoas ficaram escondidos ali por muito tempo até que alguém os denunciou e eles foram levados pelos nazistas. Dos oito que ficaram naquele esconderijo, só um se salvou;  o pai. 

     Ela não viu quando os levaram, mas foi interrogada pelos nazistas e caçada por ter ajudado os judeus. E a pena para quem ajudava judeus era a morte. Ainda assim ela e seu marido conseguiram se salvar também.

     E mais do que isso. Otto, quando voltou para a Holanda, não foi pra sua casa, foi para a casa do casal que o ajudou, e por lá ficou por mais alguns anos. 
  
     Miep e Henk se desdobravam para ajudar o máximo de pessoas que podiam. Além do esconderijo, havia ainda outras pessoas que eles ajudavam. E tudo isso com muito pouco que lhes era dado. Muito pouco mesmo.

     Assim que tiraram as pessoas do esconderijo, Miep entrou ali e viu o diário de Anne. Ela não pensou duas vezes e o pegou, catando do chão as folhas que estavam espalhadas. Ela o guardou na gaveta do escritório para entregar para sua amiguinha assim que ela voltasse do campo de concentração. Miep não sabia o que acontecia exatamente ali, nem imaginava como elas estariam, e a esperança de vê-la novamente era grande. 

     Não consigo nem mensurar o que essa mulher deve ter sentido quando descobriu o que houve com todos que ela ajudou por tantos anos. Só de tentar imaginar, um nó enorme se forma no meu peito, minha garganta se fecha e tenho vontade de chorar. 

     Miep narra tudo que os nazistas faziam com tanta dor e mágoa que é impossível não sentir o mesmo que ela sentia, é como se eu pudesse ver o que ela estava vendo, e não é nada bonito.

     Ela viveu por mais de 100 anos e dedicou sua vida para mostrar aos outros o que é a Guerra, contou sua história para meninos nas faculdades. Disse suas verdades em colégios na Alemanha para garotos que não faziam ideia do que havia acontecido ali. Sim, meus amigos, na Alemanha eles não contavam para os filhos o que os pais haviam feito. Era escondido deles a desgraça que foi propagada por Hitler. Ainda bem que temos internet e mulheres como Miep. 

     Outra coisa que me encantou nessa mulher foi que ela não fazia isso para ganhar alguma coisa, ou por nenhum interesse; Miep não tinha ideia do que estava fazendo, ela só fazia por achar que devia ser feito, porque queria proteger seus amigos. Ela não quis montar uma ONG, nem ir para a Cruz Vermelha, ela só quis cuidar dos seus. Mas seu coração era tão grande que ganhou o mundo quando o Diário de Anne foi a público.

     Estou há uma semana sem conseguir ler nada depois desse livro. Tentei ler um policial, um romance, um infantil, e até tentei voltar pra guerra pra ler Os Meninos Que Enganavam Nazistas, que por sinal é da mesma editora, mas pelo selo Vestígio, mas não consigo. Sim, estou na primeira ressaca literária do ano... E não será fácil sair dela dessa vez.

     Amei demais! Favoritado e recomendado para todos. 

     Mas advirto, pegue lenços aos montes.



"Naquela noite, centenas de empresas, mercados e casas de judeus foram vandalizados e queimados na Alemanha. Sinagogas foram destruídas, junto com livros sagrados do judaísmo, e centenas de judeus foram espancados ou baleados, mulheres foram estupradas e crianças indefesas foram atacadas. Em um inferno de vidraças quebradas e destruição, centenas de judeus foram reunidos e deportados para lugares desconhecidos."Pag. 38




  
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5 comentários

  1. Eu ando a todo custo aumentar minha coleção de livros deste gênero. Minha última comprinha incluiu cinco livros(Mulheres Sem Nome, Irmãs em Auschwitz, Sonata em Auschwitz, O Menino do Vagão e O Menino da Lista de Schlindler).
    Tenho O Diário de Anne e mais alguns outros livros maravilhosos, mas admito que ainda não tinha lido nada a respeito deste acima e já estou indo colocar na lista de desejados.
    Leitores como eu, só tem contato com o nome de Miep pela ajuda singular que ela deu a família de Anne!
    Preciso urgente deste livro!
    Beijo

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  2. os caminhos de ambos se cruzaram! Meu Deus, que legal ver o entrelaçamento de duas histórias, poder conhecer mais de uma pessoa que se tornou simbolo da luta pela alegria em meio a opressão, pela fé em meio a desordem
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com

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  3. Lê!
    Nossa! Deve ser uma leitura angustiante.
    Gosto muito dos livros dessa época do nazismo, justamente para termos noção que nossas dificuldades hoje em dia são mínimas, diante de tanto sofrimento e dor que o povo judeu e quem os ajudava, passou...
    Deve ser emocionante!
    Bom domingo!
    “Quando choramos abraçados e caminhamos lado a lado. Por favor amor me acredite, não há palavras para explicar o que eu sinto...” (Renato Russo)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA MARÇO: 3 livros + vários kits, 5 ganhadores, participem!
    BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  4. Caramba, Lelê.
    Esse livro deve ser mesmo impressionante.
    Não é o que estou procurando no momento, porque estou com vários livros aqui encalhados na estante... Se eu for ficar uma semana sem ler nada depois, aí lascou de vez!!
    Mas já anotei a dica!!
    beijos
    Camis - blog Leitora Compulsiva

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  5. Ual!
    Eu vi o filme uma vez mas já faz mto tempo, tenho mta vontade de ler os livros e conhecer mais sobre Anne Frank.
    Bjs

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