#Resenha: Assim na Terra Como Embaixo da Terra

   

Título: Assim na Terra Como Embaixo da Terra 

Autora: Ana Paula Maia

Páginas: 144

Editora: Record

Skoob

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     A maneira como Ana Paula Maia conta suas histórias, é o que mais me faz ficar morrendo de vontade de ler tudo que ela escreve.

"São todos homens de sangue. Em sua maioria, matando para os outros, como abatedores em um matadouro. Uns compram a morte; outros a vendem como mercadoria."Pág. 29

     O livro é curto e rápido de ler, não quero falar demais dele para não estragar a maravilhosa experiência de ler o que essa autora escreve. 

     Pois bem, aqui vamos adentrar numa Colônia Penal onde são mandados os criminosos mais perigosos, pelo menos é isso que se diz... Dentre os presos que nos são apresentados estão alguns assassinos, entre eles Bronco Gil. Filho de uma índia que foi morar com seu pai branco ainda menino, e com ele aprendeu a caçar e matar. E por dinheiro, matar outras pessoas. 

     Esse índio não é de levar desaforo, ele é determinado e não aceita as imposições dessa Colônia. 

     Lá dentro também iremos conhecer Taborda, um oficial que está ali há tanto tempo que não percebe o que está acontecendo... Ele está tão acostumado com aquela vida, que não vê o mal que existe ali. Outro que também está ali e não é nada bom é Melquíades, aquele que deveria cuidar da vida dos presos, mas que na verdade cuida de outras coisas.

     Acontece que essa colônia foi construída em cima das terras de uma antiga fazenda escravagista, que tinha o costume de enterrar seus escravos debaixo daquelas terras. O ar ali cheira a morte.

"Aos poucos, a vontade de matar foi se tornando maior que a vontade de ajudar a viver."Pag. 80

     Mas não há nada de tão sobrenatural na trama, o que existe é a maldade e a vontade de matar que os homens tem. E quem é realmente bom ou mal? Não estou aqui para defender assassinos ou carcereiros, mas sim para dizer que nenhum ser humano tem poder sobre outro. Julgar criminosos e mantê-los em cárcere para que eles cumpram sua pena, é o que se deve fazer; mas nós sabemos o que acontece durante esse cárcere?

     Quantas vezes não desejamos que um bandido fosse pego e que desaparecesse? 

    

"Não sabe o que fazer, não foi treinado para ter compaixão ou para desobedecer. O sentimento de hierarquia o corrói como um verme."Pág. 26

     A questão racial também é discutida quando a autora deixa claro que debaixo daquelas terras muitos negros estão enterrados... Mas outros negros continuam sendo enterrados ali. Um eterno massacre.

     Há muita simbologia sobre a caça ao javali; animal forte, mas que entrou onde não devia, e por isso acabou indo parar na parede da sala do diretor, empalhado, virou enfeite.

     Os personagens deste livro são complexos, vão dos fracos e carentes aos fortes e decididos, dos loucos aos centrados. São poucas páginas com um imensidão de palavras que irão tocar cada leitor de uma maneira diferente. 

"Nunca antes havia ouvido falar da Colônia, talvez porque os que foram enviados a ela nunca tiveram a chance de sair para falar de sua existência."Pág. 43

     Mais uma vez eu me surpreendi com a autora.

     A edição também está muito bem feita. A capa condiz com o que é contado no livro. É tudo na medida certa. Perfeito!

     Espero realmente que todos conheçam e a admirem tanto quanto eu!!

     Leiam este livro e todos os outros dela. 

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