Resenha: A Garota Que Tinha Medo


Título: A Garota Que Tinha Medo

Autor: Breno Melo

Páginas: 277

Editora: Chiado




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     E não é que eu me esqueci que estava lendo uma ficção e passei a acreditar que era uma autobiografia?!


"O que eu não percebia é que minha felicidade
estava limitada pelo momento, pela situação
ou por terceiros. Todas as coisas que me
faziam feliz, nessa época, estavam fora de mim."
Pag. 29



     É narrado em primeira pessoa por Marina. 

     Marina se apresenta e de cara já deixa claro o motivo de escrever sua história, o porque de contar nos mínimos detalhes tudo o que passou. Com essa narrativa que mais parece uma carta que ela escreveu ao seu leitor, fica impossível não se envolver logo no primeiro parágrafo.


"Me chame de Marina. Tenho vinte e cinco anos
e sofro de síndrome do pânico desde os dezoito.
Tenho ataques de pânico que podem acontecer
a qualquer momento. Inclusive agora, 
enquanto escrevo."
Pag. 9


     Pressionada pela mãe para fazer inscrição para várias universidades, Marina estuda quase que o tempo todo. Até que ela consegue passar para o curso na universidade que ela tanto queria; jornalismo na Universidade Católica. Tudo seria perfeito se pouco antes ela não tivesse passado pela sua primeira crise de pânico.

     Ainda sem saber o que era, ela passa por momentos de puro desespero.


"Procurei quebrar o gelo com um machado,
mas era o machado que se partia ao 
golpear o gelo. Receei não ter podido
salvar nosso relacionamento."
Pag. 101


     Além disso, Marina tinha um namorado, mas este em nenhum momento me agradou. Desde o começo eu achei o relacionamento dos dois muito superficial, porém, talvez pelo estado de saúde mental da protagonista, talvez ela é que sentia e mostrava outros sentimentos que talvez não fossem reais. Impossível saber, possível é só ler o que ela contava e imaginar como seria de verdade. De qualquer maneira, o namoro não era nada de que ela poderia se orgulhar, e não era nada que poderia ajudá-la nessa transformação.

     O mundo de Marina desabou. As crises que se tornaram mais frequentes a obrigaram a parar com tudo, se trancar em casa e sofrer o tempo todo. Até que ela finalmente aceitou ajuda. Não deve ser fácil receber um diagnóstico de 'panicoso', não deve ser nada fácil admitir que precisa de tratamento a base de terapia e remédios. Contudo não deve ser fácil ser alvo de piadas e desprezo das pessoas.

     A família demora tanto para enxergar o problema que me deu nos nervos. E o pior é que é bem assim. O irmão que acha que é frescura, o pai que não entende, a mãe que não compreende as aflições da filha. Isso é comum nos dias de hoje em todos os lugares. Mesmo com a doença sendo tão frequente.

     O importante é que Marina conta tudo, desde o início até o final do tratamento, até sua provável cura, que na verdade não existe, mas o tratamento contínuo para que as crises não voltem com tanta intensidade.


"Eu havia entrado para uma boa universidade e
me graduaria dentro de cinco anos. Eu levava
uma vida abastada, e tudo o que desejava, 
material ou imaterial, se encontrava a meu
alcance a curto e médio prazo. Do que eu
poderia me queixar?"
Pag. 53


     Fora a vida de Marina, ainda me vi hipnotizada pela aula de história que autor trouxe. Como tudo se passa no Paraguai, divagações sobre a Guerra do Chaco e curiosidades sobre este país abrilhantaram ainda mais a obra.

     Mais uma coisa que deve ser citada é a aula sobre a síndrome do pânico e outras síndromes que o autor proporcionou de forma simples e sem rodeios. Não conhecia os sintomas e fiquei realmente abismada. Nada de termos médicos, nada de fórmulas mágicas. Tudo é descrito de uma maneira de fácil entendimento. Explicações sobre o tratamento e sobre os remédios, tudo isso era um universo que eu não conhecia, mas que durante o tempo que li o livro me senti muito bem ambientada. Ou seja, aprendi e visualizei tudo o que o autor quis passar com esta trama.

     O gênero fica entre o drama e o sick-lit, portanto fãs destes dois gêneros irão com certeza adorar o livro! Disso não tenho dúvidas.

     Apesar de não gostar muito de capas com rostos, confesso que gostei dessa. O fato de ela ser loira de olhos claros e ficar parada olhando para o nada, tem tudo a ver com o enredo. Ficou perfeita!!

     A diagramação está ótima, fonte agradável e folhas amareladas. Não conhecia o trabalho da Chiado, e neste primeiro livro que li já vi que eles são muito bons no que fazem!

     Gostei mais do que imaginava! Gostei de tudo que li e aprendi aqui!!

     Leitura mais do que recomendada!!
      

14 comentários

  1. Engraçado que há poucos livros que tratam sobre a síndrome do Pânico né?
    Aliás, pensando bem, nunca li nenhum, ao menos que me lembre...e é hoje em dia um assunto tão comum.
    A angústia, os temores, a família que sempre é assim mesmo, divididos entre a frescura, o não saber ou o fingir que não está havendo nada.
    Quero muito ler, muito mesmo..e ao contrário de você, sempre amei livros com capas de rostos!rs
    Beijo

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  2. Adorei a resenha!
    Um livro que veio para nós ensinar e ao mesmo tempo encanta, com sua história simples e que aborda assuntos difíceis, mas que veio pra mostra algo a nós.

    Parabéns Lele! Voltei e espero ficar!

    http://lendoferozmente.blogspot.com.br/

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  3. Olá.
    Ótima resenha. Ainda não conhecia o livro, mas me pareceu bem intenso e fiquei com vontade de ler. Que bom que você gostou da leitura.

    Beijos, Vanessa.
    This Adorable Thing
    http://thisadorablething.blogspot.com.br/

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  4. Nossa,que blog lindo!
    Já estou seguindo.
    Amei a resenha,fiquei doida para ler!

    Espero vocês no meu cantinho!
    http://bomlivropravc.blogspot.com.br/

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  5. Oi Lêle!
    Adorei a resenha e fiquei com muita vontade de lê-lo. A sindrome do pânico não é muito retratada em livros de ficção, mesmo sendo algo bem comum. Entendo bem esse mundo, pois desde os meus 14 anos sofro com isso, mas hoje, graças a Deus, isso é passado e tenho uma vida bem normal.

    Beijos!
    Books and Movies
    www.booksandmovies.com.br/

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  6. Olá, Lelê. Eu ainda não li o livro, mas parece uma boa pedida exatamente por envolver dados históricos e esse traço dramático que eu gosto. Além disso, ele parece bom por nos fazer refletir sobre uma doença muitas vezes vista como frescura.


    M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de janeiro. Você escolhe o livro que quer ganhar!

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  7. Oi Lele, eu não sei o porque mais estou chorando enquanto leio sua resenha. Acontece que varias coisas se passaram em minha vida e eu sou o tipo de pessoa que se desespera muito fácil e também entra em pânico muito fácil. Chorei e estou chorando porque realmente a familia nunca entende as nossas angustias e tudo que passamos é frescura, preguiça , falta de vergonha na cara etc.
    Mas amei a sua resenha e tenho uma vontade imensa de ler este livro. Acho que é o primeiro da minha whistlist de 2015.
    Quero demais :)
    Entender este universo.
    Beijinhos da Lêeh

    Http://maetoescrevendo.blogspot.com.br

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  8. acho super relevante o autor falar de um tema tão importante quanto esse
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  9. Estou louca para ler esse livro, conhecer esse problema de saúde que tem afetados a milhões de pessoa pelo mundo.

    Coisas de Mineira

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  10. Oi Alessandra,
    Primeiro ponto q me chamou a atenção é esse enfoque na sindrome do panico. Acho q nunca encontrei nenhum livro q tratasse do tema.
    Segundo ponto é como a sindrome do panico dá pano para manga. Afinal, todas as relações da protagonista (familia, amigos, namorado) são afetadas por isso.
    Abraço,
    Alê
    www.alemdacontracapa.blogspot.com

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  11. Lelê, excelente resenha. Muito interessante o livro por retratar algo tão complexo como a síndrome do pânico. Minha família tem um largo histórico com o problema, e só quem convive mais de perto com essas pessoas sabe o quão desesperador é - e o quanto quem olha de fora não entende o tamanho da coisa. Fiquei intrigado, apesar de que acho que, por ter convivido com tanta coisa e tão próximo a mim, o leria com o peito apertado.

    Grande beijo ;)

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  12. Oi Lelê!!
    Drama e sick-lit não são meu tipo de leitura preferida, mas achei o livro interessante devido ao tema (sou leiga em relação à síndrome do pânico) e também pelo fato da protagonista ser tão verdadeira que você esqueceu se tratar de uma obra de ficção. Ótima resenha ;)
    Beijos... Elis Culceag. * Arquivo Passional *

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  13. Oi, Lelê!

    Nunca li nada do tipo e fiquei intrigada. Posso imaginar quão difícil deve ter sido para a personagem, também ficaria brava com os demais personagens. Além disso, pude perceber que a leitura foi bem crível, é bem bacana quando isso acontece!
    Adorei a resenha!

    Beijocas.
    http://artesaliteraria.blogspot.com.br

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  14. Oi Lelê. Adorei a resenha. Achei bem legal o autor tratar sobre essa síndrome e algumas outras, afinal quem sabe assim consegue ensinar muita gente que isso não é fiasco. Que isso é doença sim e que necessita de tratamento. Fiquei bem curiosa e louca para ler. Bjoks da Gica.

    umaleitoraaquariana.blogspot.com

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