Título: Canção do Cuco
Autora: Frances Hardinge
Páginas: 320
Editora: Novo Século
Resenha dupla em parceria com a Pamela do Diário do Leitor
A cabeça doía. Um som moía sua mente, um raspar sem melodia, como o farfalhar de papel. Alguém pegara uma risada, amassara-a numa grande bola irregular e usara para rechear o crânio dela. Sete dias, dizia rindo. Sete dias.[Samara feelings, rs]
Uma fábula sinistra e quase moderna. Uma história que
envolve inveja, vingança, conflitos e aventuras, tudo isso sem tirar o ar
tenebroso da capa.
Canção
do Cuco é narrado em terceira
pessoa pelo ponto de vista de Theresa Crescent, mais conhecida como Triss. Ela
é uma menina de pouco mais de dez anos que acorda toda suja e sem memória
depois de um possível acidente
próximo ao lago Grimmer, que fica perto da casa de férias em Lower Bentling. Ela
meio que vai assimilando tudo, sem ter certeza de nada.
Há algo de errado no comportamento de sua irmã, mas ela não
sabe o que é ou o que poderia ter motivado a tais atitudes. Pen, de apenas nove
anos, parece não gostar dela. Ou é isso ou ela tem medo. Só depois que iremos
descobrir que ela sabe mais do que demonstra.
– Perder, secar, querer.
Seus pais são bem estranhos. Ao mesmo tempo em que enchem
Triss de um cuidado exagerado, eles simplesmente desprezam a caçula. Isso me
deixou um tanto incomodada, mas confesso que também fiquei curiosa quanto a
esse desprezo. Em parte é porque Sebastian, outro filho do casal, foi para a
guerra e de lá não retornou. Um fato interessante é que o livro é
ambientalizado entre 1923 e 1924, pouco depois do término da primeira guerra
mundial. Mesmo depois de terem se passado alguns anos, a família toda vivia em
um luto profundo. O personagem, mesmo que morto, desenvolve uma linha de
raciocínio em nossa protagonista digna dos maiores cientistas de todos os
tempos. Adorei isso, principalmente quando descobri seu propósito, rs.
A história em si é muito boa, assim como a magia criada junto
com outros elementos. Os momentos mais macabros são bem diferentes e dão um ar
medonho à trama.
A capa é perfeita, os detalhes... Tudo ficou de acordo com o
livro. Mas tem uma coisa que me desgostou: a narrativa.
Como eu disse no início, o livro é narrado em terceira
pessoa. O principal ponto de vista é o da protagonista, mas algumas poucas
vezes ele passeia por outros personagens. Mesmo depois disso tudo, o que
realmente me causou estranheza é que do nada entra uma narrativa em primeira
pessoa no meio de uma frase aqui e outra acolá, e só o que difere é que está
escrito em itálico. Definitivamente eu não gosto disso. E outra coisa, esse
tipo de história para causar arrepios devem ser escritos em primeira pessoa o
tempo todo. Estar na pele na protagonista é sempre mais assustador.
Eu adoraria estar na mente de Triss quando as folhas secas
lhe caiam dos cabelos, ou quando no lugar de lágrimas, saíram teias de aranha.
Com certeza sentiria uma agonia muito maior.
Quando se é muito frio, o mundo ao redor torna-se frio também, quem sabe...
Mas enfim, pulando isso, eu aprovei a leitura. Tem até uma
moral da história no final. Que eu não direi. Leia e descubra!
A diagramação do livro é relativamente simples, com exceção
da parte de dentro da capa. Falando nela, as teias de aranha são em médio
relevo. Os tons de preto, branco, cinza e laranja combinaram bastante. Creio
que tudo entrou em harmonia. Um fato me deixou um pouco incomodada e foi com
relação a erros de revisão. Não sei se foi de propósito, por conta da idade da
protagonista e de sua irmã, ou se foi algo que passou despercebido. Mesmo
assim, todo o marketing utilizado pela editora para a divulgação do livro foi
talvez o que mais nos chamou a atenção, logo de cara. A caixa preta, os cards
com frases de efeito, a capa do livro, sombria e misteriosa. Tudo culminou em
nossa curiosidade crescente, inclusive por conta da demora de recebê-lo, rs. Espero
poder ver em breve outros livros da autora sendo publicados pela Novo Século!
A última coisa que eu
digo é: cuidado com as bonecas.
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Esse ar tenebroso de livros assim me encanta por demais!!! A capa, título..parece tudo imperfeito demais...e com certeza, a história deve ser daquelas de plantar minhocas na cabeça e no resto do corpo também!
ResponderExcluirConfesso que não curti o nome da protagonista..rs soou meio "igual" demais! Mas tirando esse detalhe, com certeza vai para a lista de desejados!!
Beijo
Oi!!! Tudo bom?
ResponderExcluirGostei bastante da premissa do livro, apesar de não ser muito chegado ao gênero suspense e concordo com você que esse tipo de livro é bom ser escrito em primeira pessoa que causa uma agonia no leitor em certas cenas que uma narrativa em terceira pessoa não pode proporcionar. Mas quem sabe um dia eu dê uma chance para o livro? Adorei a resenha!!
Abraços!
Gabriel Sidney
www.nemteconto.org
oi flor, ja tinha lido algumas resenhas que salientam esse lado mais tenebroso do livro, mais assustador e não sei se o leria, afinal fico com caraminholas na cabeça por tudo rsrs
ResponderExcluirhttp://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/
Gostei bastante da resenha e do enredo, principalmente por saber que tem um tom assustador, algo que me agrada. Além disso, acho que curtirei um pouco mais o livro do que vocês, já que prefiro narrações em terceira pessoa.
ResponderExcluirExcelente resenha. Certamente darei uma chance para a obra.
Desbrava(dores) de livros - Participe do top comentarista de fevereiro. Serão dois vencedores!
Lelê,esse livro parece ser bem interessante e essa personagem a Triss me parece bem complexa e o mistério do que aconteceu é bem instigante.Amei que se passa um pouco depois do término da primeira Guerra Mundial.Pena não ter gostado da narrativa e ter erros de revisão.Beijos!!!
ResponderExcluirMeninas, que história sinistra essa, hein?!
ResponderExcluirFiquei super curiosa para descobrir todo esse mistério!
Beijos
Camis - Leitora Compulsiva
www.leitoracompulsiva.com.br
LÊ!
ResponderExcluirLivros que envolvem mistério são sempre bem atrativos.
Triste os pais desprezarem um dos filhos.
Gostaria de ler.
“A sabedoria superior tolera, a inferior julga; a superior perdoa, a inferior condena.”(Augusto Cury)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
Top Comentarista fevereiro, 4 livros e 3 ganhadores, participe!
oi
ResponderExcluira resenha ficou bem interessante,nao conhecia essa obra..a premissa da mesma me deixou curiosa ;)
bjs
ldsonhos.blogspot.com