O CAMINHO
Era uma tarde ensolarada e quente, um lindo dia para comemorar o aniversário de Renato. Dez anos de pura travessura.
Renato era também dotado de uma imaginação fora do comum. Tudo para ele virava brinquedo. Uma escova de cabelo era um super foguete, uma caixa de sapato era um enorme tanque de guerra.
Nesta tarde sua imaginação estava mais solta do que nunca. Sua madrinha Sarah viria para sua festa.
Sarah era uma mulher diferente. Solteira, morava em um sítio - que ela dizia ser cheio de gnomos e duendes -, usava roupas coloridas, maquiagem extravagante, laços e flores nos cabelos, mas além disso, Sarah tinha a imaginação tão solta quanto a de Renato, e por isso o menino estava tão empolgado.
A festa começou, os meninos estavam correndo e brincando, as meninas conversando e rindo no jardim, os adultos comendo e bebendo; e Renato ansioso e feliz com tanta animação.
Sarah e toda a sua exuberância atravessaram a porta da sala trazendo um incrível perfume de lavanda que Renato conhecia tão bem.
O menino gritou e correu para o colo da sua madrinha, morrendo de saudade ele abraçou a mulher com força. Sarah estava tão feliz quanto o afilhado e retribuiu o carinho.
- Renatinho, que lindo você está menino! E agora que você já é um grande garotinho, eu lhe trouxe um presente à sua altura. Uma caneta mágica.
Renato não entendeu nada dessa magia contida na caneta, mas agradeceu o presente.
- Meu bem, você só saberá o tipo de magia desta caneta, quando começar a escrever uma história. Faça isso. Quando estiver sozinho no seu quarto, pegue um caderno, esta caneta, imagine um mundo na sua cabecinha e escreva. Só assim você verá a magia.
O restante da tarde e a noite foram regadas com dança, lanches, doces e muita alegria. No fim Renato caiu na sua cama esgotado. No domingo ficou com seus pais arrumando e limpando a bagunça da festa do dia anterior.
Na segunda-feira de manhã ele foi à escola, brincou e aprendeu coisas novas, tudo normal. Quando chegou em casa e foi guardar seu material, e viu a caneta em cima da escrivaninha é que lembrou-se das palavras da sua madrinha.
Depois do almoço o menino foi correndo para o quarto, pegou um caderno novinho, sentou e começou a pensar num mundo que ele gostava muito.
Em um minuto ele estava no campo, correndo e pulando entre as árvores e as flores.
- Ei, menino, quem você pensa que é? - falou um ser pequenino de pele esverdeada e roupas largas e coloridas.
- Eu sou Renato. E você quem é? O que está fazendo aqui?
- Meu nome é Swordlish, o dono disso tudo aqui, e você está estragando a paz da minha casa com essa cantoria toda, garoto - falou ranzinza o gnomo.
- Ei, ei, ei, vamos parar já com essa briguinha aí - falou Sarah sorridente.
- Madrinha! Que bom que você chegou!
- Desculpe dona Sarah, não sabia que o menino era seu conhecido.
Sarah abraçou o afilhado.
- Madrinha, não sei como vim parar aqui, mas que bom que vim.
- Fico feliz que tenha vindo, meu bem... E você veio mais rápido do que eu imaginei.
- Mas como?
Lembra da caneta? Então, foi assim. Agora você já pode desbravar o mundo em seu caderno.
- E quando a tinta da caneta acabar? - perguntou o menino preocupado.
- Aí você já saberá o caminho e como fazer para chegar em seus mundos. Todas as canetas serão mágicas na sua mão.
Renato abriu um sorriso e os dois gargalharam e pularam ao lado da árvore - casa de Swordlish que ainda olhava para ele com ar enfezado.
- Renato, Renato, menino, dormiu sentado com a cara no caderno, nunca pensei que veria isso um dia! Está tudo bem?
- Mããããeeee! Não era pra me acordar agora, atrapalhou minha viagem.
A mãe que nunca entendeu as maluquices do filho não aguentou, deu risada e saiu do quarto.
Renato olhou para o caderno e viu várias e várias páginas escritas com sua letra de menino desleixado. Ele havia aprendido o caminho.
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Dá pra ler mais de três vezes???
ResponderExcluirAh...que poesia esse conto!!!
Lelê, ficou perfeito...cada descrição, cada ternura impressa nas letras.
Sou fascinada por essa coluna e aguardo ansiosa as quartas e não me decepcionei. Aliás, nem tem como. É um time completo!!!
Parabéns e que tenhamos mais canetas mágicas em nossas mãos. Afinal, de uma maneira torta, sabemos o caminho!!!!
Beijos, muitos beijos!
Own que Fofura. Renato deve ser um garotinho e tanto.
ResponderExcluirGostei de como nossa imaginação tem o poder de transformar o mundo a nossa volta, assim como a leitura. Sempre estamos em um mundo diferente e cheio de amigos novos. Obrigada pelo conto.
Bom dia !
Parabéns por mais este conto querida Alessandra!
ResponderExcluirQue venham muitos e muitos outros! :D
Olá Alessandra, tudo bem?
ResponderExcluirQue surpresa maravilhosa, que conto lindo, você escreve muito bem, pode estender esse talento e escrever um livro, eu apoio...bjs.
devoradordeletras.blogspot.com.br
Olá, Lelê.
ResponderExcluirAmei a metáfora desse conto. Uma lindeza de escrita e de conto.
Estou achando que você descobriu o mesmo caminho que e o Renato.
Desbravador de Mundos - Participe do top comentarista de abril. Serão três vencedores!
Oiie!
ResponderExcluirQue lindo GTE!
Olha que o mundo tá precisando mtooo de Renatos como este viu...
Eu amei!
Qro ler e tenho ctz q irei ler milhares de vezes!
Bjs!
que conto lindo, Lelê! vc tem muito talento, parabéns!
Excluiradorei a doçura de Renato e essa metáfora para a vida
http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/
Minha amiga, que conto mais belo!
ResponderExcluirSarah também deve ter te ensinado a magia das palavras através da caneta, pois você está escrevendo lindamente! Parabéns.
Beijos.
Ai Lê!
ResponderExcluirAmei seu conto...
Tão inocente e tão instrutivo ao mesmo tempo...
Todos temos uma caneta mágica, basta aprendermos a usá-la...
Parabéns!
“Por sabedoria entendo a arte de tornar a vida mais agradável e feliz possível.” (Arthur Schopenhauer)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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