Título: Enterre seus Mortos
Autora: Ana Paula Maia
Páginas: 136
Editora: Companhia das Letras
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Por favor, não se cansem de ouvir (ler) o quanto amo Ana Paula Maia.
"Enterre Seus Mortos" é o retorno do sinistro Edgar Wilson aos livros da autora.
Esse personagem é tão incrível que já o tenho como um conhecido, já sei suas reações, o que ele vai fazer diante de uma situação... Não que ele seja previsível, longe disso. Ele não fala da sua vida, não opina sobre a vida de ninguém, não dá conselhos, não pergunta, não quer saber; mas ao mesmo tempo é o melhor ouvinte que alguém pode ter.
Bom, agora ele é um removedor de animais mortos. Passa todo o dia na estrada pegando todo tipo de animal morto e no final joga tudo dentro de imensos moedores de carne.
Pássaros, cavalos, ovelhas... atropelados, caçados, abatidos... Tudo vai para o mesmo lugar.
Durante essa passagem da história, vários questionamentos são inseridos de modo sutil, mas muito forte, como por exemplo a religião.
"Encurvados aos pés de um Cristo irado cheio de juízo e de fúria, eles apontam suas Bíblias como quem aponta uma pistola. Falam de almas perdidas, mas desejam o sangue e as vísceras. Revestem-se de uma autoridade divina que insistem ter recebido de Deus e falam em línguas estranhas, uma espécie de dioma sobrenatural que somente os escolhidos podem compreender. Tudo o que não está debaixo desse manto divino é maldito e condenado nos séculos vindouros a um inferno setorizado."Pág. 23
Ao lado de Tomás, um padre excomungado, Edgar cai de cara no maior de todos os questionamentos da sua vida; a morte. Animais são recolhidos e jogados num moedor, não vão atrapalhar mais ninguém no meio da estrada, mas isso não acontece quando um humano é encontrado.
Edgar encontra o corpo de uma mulher. Os abutres já estavam se alimentando de suas carnes. Ele poderia largá-la lá. Poderia ter chamado a polícia. Poderia tê-la jogado no moedor como qualquer outro animal... Mas ele resolve levar com ele. Uma mulher com uma corda no pescoço e sem nenhum documento.
A polícia não pode fazer nada, ninguém informou desaparecimento. O IML não pode ajudar, as salas estão cheias. Não há rabecão para buscá-la, todos os carros estão quebrados. Então ele o guarda no freezer.
Só o que Edgar quer é que tudo volte ao normal, se é que isso é possível. Enterrar os humanos como deve ser, com rezas, velório e tudo mais; e continuar recolhendo e moendo os animais.
A partir daí ele e Tomás começam uma saga para fazer o que acham certo e continuar no rumo desse mundo maluco e desconexo.
Um dedo podre numa ferida aberta. Crítica social, política, religiosa... humana.
Um livro perfeito não precisa ter seiscentas páginas e milhares de caracteres. Uma autora perfeita não precisa trazer palavras e termos rebuscados para fazer com que toque no coração do leitor. Ana Paula Maia faz isso com livros curtos, histórias que deveriam ser lidas rapidamente, mas recomendo que leiam devagar, absorvam o que ela diz em doses homeopáticas. Leiam um trecho e raciocinem sobre ele. Levem para a vida de alguma forma.
Personagens à margem da sociedade com histórias que fazem parte do nosso cotidiano. É isso que mais amo na escrita da autora.
Se eu recomendo?
Recomendo não só esse livro, mas tudo que ela escreve!!
Leiam um trecho abaixo e me digam o que acham.
Ainda não li nada da autora, mas depois desta resenha, vou ter que mudar isso urgente!
ResponderExcluirQuequeéissorapaz??
Um tema forte, questões densas e questionamentos demais.
Uma mistura de fé, crenças, violência e humanidade.
Com certeza, vai para a lista de mais desejados.
Beijo
Lelê!
ResponderExcluirAmei esse livro!!
primeira resenha que leio sobre ele e me deixou com mta vontade de ler, qro conhecer a escrita da autora, já tinha ouvido flar da escrita excelente dela, vai para os desejados com toda ctz!
Bjs!
Oi, Lelê!!
ResponderExcluirNossa que impacto a sua resenha sobre esse livro maravilhoso!! Nunca li nada da autora mas fiquei extasiada pela o teor da história contada pelo Edgar e Tomás. Quero muito fazer essa leitura tão interessante.
Bjos
Só pelo título e capa eu já compraria o livro, mas ao ler um pouco das suas considerações fiquei completamente fascinado. Também concordo que não é a quantidade de páginas que faz um bom livro. Esse enredo parece ser bem perturbador e suas personagens bem elaboradas. Acredito que deva mexer com algo profundo e as situações em si, como o recolhimentos dos animais chegar a incomodar, mas ao mesmo tempo gerar reflexão. Simplesmente quero ler.
ResponderExcluirCom essa capa eu acabei confundindo esse livro com outro na qual eu já havia lido mas não fiquei interessado em ler ele apesar da premissa ser interessante se eu gostar de ler livros compadres como protagonistas acho que esse livro não me agradaria
ResponderExcluirLê!
ResponderExcluirNão li ainda nenhum dos livros da autora, mas pelos quotes e por sua resenha, leria com maior prazer.
Não conheço o protagonista de outros livros, mas parece que ela soube trazê-lo à vida novamente...
Bacana!
Desejo um ótimo final de semana e um feliz dia da mães abençoado!
“Moral é o que te faz sentir bem depois de tê-lo feito, e imoral o que te faz sentir mal.” (Ernest Hemingway)
cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA MAIO – 4 livros + vários kits, 5 ganhadores, participem!
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