Literatura Norueguesa.
A melhor coisa de ler é justamente isso, poder viajar sem sair de casa, poder conhecer lugares e autores que não conheceríamos se ficássemos parados no mesmo lugar.
Estou muito curiosa por mais essa viagem.
Saiba mais agora:
Lars Hertervig é um jovem norueguês quaker de origem pobre. Graças à ajuda de um mecenas, estuda arte em Düsseldorf, na Alemanha, mas padece com terríveis inseguranças, obsessões sexuais e delírios incapacitantes.
Em uma prosa hipnótica, magnética, o dramaturgo e escritor norueguês Jon Fosse descreve em Melancolia um dia de crise e a sua repercussão anos mais tarde na vida do próprio Hertervig – e mais de um século depois na vida de um escritor inspirado pela obra do artista, que existiu de fato.
Retrato extraordinário da mente perturbada de um artista, o livro revela uma consciência assustadoramente frágil, mas capaz de apreender com grande sensibilidade a beleza e a luz que há no mundo.
SOBRE A OBRA
Em Melancolia, o poeta, romancista e dramaturgo norueguês Jon Fosse ficcionaliza a vida do pintor de paisagens Lars Hertervig, que nasceu em Hattarvågen, na costa oeste da Noruega, em 1830, em uma família de agricultores quaker paupérrima. Nessa época, a vida não era fácil para os quakers, cujas crenças religiosas conflitavam com o luteranismo oficial. Não à toa, a intolerância religiosa é um dos temas que perpassam o livro.
A despeito da pobreza, porém, Hertervig teve uma chance quando a família se mudou para a cidade e ele se tornou aprendiz de pintor. Graças ao ofício, ele descobriu uma paixão e começou a pintar tudo o que lhe caía nas mãos. Seu talento chamou a atenção de alguns comerciantes locais, que trataram de mandá-lo estudar arte na capital e depois em Düsseldorf, na Alemanha. Foi ali, em Düsseldorf, que Lars Hertervig teve um colapso mental – e é nesse ponto que ele surge em Melancolia.
A obra se divide em duas partes: Melancolia I e Melancolia II. O livro começa com um dia na vida do jovem estudante de arte. Ele está prestes a encontrar seu professor, Hans Gude, que irá finalmente avaliar sua pintura. O leitor o descobre na cama, deitado em seu fino terno de veludo roxo, atormentado pelo medo e pela dúvida. O que o professor iria lhe dizer? Que era um mau pintor? Que era um bom pintor?
Hoje Hans Gude observará meu quadro. Mas não me arriscarei a ouvir o que Hans Gude dirá, porque se Hans Gude, que realmente sabe pintar, disser que não sei pintar, então eu realmente não sei pintar. Então vou ter que voltar para casa e ser pintor assistente e nada além disso. E eu, que quero tanto pintar os mais belos quadros, e ninguém sabe pintar como eu. Porque eu sei pintar.
Minha querida Helene. Estou deitado na cama em meu quarto e em algum lugar deste apartamento Helene anda de um lado para outro com seus belos olhos radiantes. Estou deitado na cama, e fico escutando, será que consigo ouvir seus passos? Ou será que Helene não está no apartamento? E seu tio, seu maldito tio, Helene. Você está me ouvindo, Helene?
[...] não ouço mais o que dizem o policial e o sr. Winckelmann e vou descendo a escada e tenho que simplesmente ir para algum lugar, não sei bem para onde devo ir, mas tenho mesmo que ir para algum lugar, entre minhas duas malas eu vou andando e agora preciso achar de novo minha querida Helene e então preciso simplesmente ir a algum lugar, pois todos têm que estar em algum lugar e também eu tenho que estar em algum lugar [...].
No terceiro capítulo a história dá um salto até 1991. Entra em cena o escritor Vidme, que, diante de uma pintura de Lars Hertervig, uma década antes, teve “a mais grandiosa sensação de sua vida”.
E se lhe pedirem que descreva como foi, ele só poderá dizer que se arrepiou, ficou com os olhos marejados de lágrimas e então ouviu passos, ouviu pessoas chegando, que talvez até quisessem observar o quadro diante do qual Vidme agora se achava com lágrimas nos olhos, e aí ele não pôde mais ficar parado com lágrimas nos olhos e observar o céu azul que Lars Hertervig havia pintado e agora se encontrava pendurado numa parede da Galeria Nacional, em Oslo.
E aí escrever, agora ele resolveu que vai escrever, e hoje já se sentou uma vez, para começar, mas em vez disso saiu [...] e que agora Deus lhe seja misericordioso, Deus seja misericordioso, para que ele consiga escrever. Agora ele precisa conseguir escrever. Aí está o escritor Vidme, sentado, pensando. Que agora Deus lhe seja misericordioso, para que ele consiga escrever.
Melancolia é o retrato extraordinário de mentes assustadoramente frágeis, mas capazes de apreender com grande sensibilidade o que a vida tem de mais belo e luminoso.
SOBRE O AUTOR
Muitas vezes chamado de “o novo Ibsen”, Jon Fosse publicou cerca de 30 livros – romance, poesia e dramaturgia – desde 1983. Em 2000, Melancolia ganhou o prêmio Melsom, e Fosse passou a receber uma remuneração vitalícia do governo norueguês para ajuda-lo em seus futuros esforços literários.
A CRÍTICA
“Melancolia explora regiões sombrias e perigosas, nas quais o talento e a inspiração se atraem e se repelem até as raias da loucura.” – Le Monde
“Fosse faz incisões cirúrgicas para recortar os acontecimentos mais prosaicos e mundanos, retirando deles fragmentos de vida, colocando-os sob o microscópio e examinando-os minuciosamente [...] Às vezes tão desolador e sombrio que teria assustado até a Kafka.” – Aftenposten
“Sua obra é ao mesmo tempo simples e profunda. Fosse tem uma inquietação, coloca tensão na narrativa e escreve sobre situações com as quais todos são capazes de se envolver, não importa de que parte do mundo sejam.” – Bergens
parece um livro para despertar sensações inquietantes
ResponderExcluirfelicidadeemlivros.blogspot.com.br
Olá, Lelê.
ResponderExcluirNunca li uma obra norueguesa, então fiquei com vontade de conferir o livro. Além disso, a premissa é interessante e a capa é linda demais.
Preciso do livro!
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Oi, Lelê!
ResponderExcluirConcordo contigo, é ótimo ler livros variados e de autores de países e culturas diferentes.
Nunca li obras norueguesas ou que fossem ambientadas lá, por isso, fiquei curiosa para ler este livro.
Beijocas.
http://artesaliteraria.blogspot.com.br
Nuca li nada da Literatura Norueguesa, parece bem interessante, linda a capa, gostei da sinopse, fiquei bastante curiosa em conferi essa história.
ResponderExcluirLele!
ResponderExcluirAchei que era uma resenha...kkk
Já gostei por se passar no Século XIX e ainda mais por sai do comum e ser um livro norueguÊs.
Sem contar que a capa está belíssima!
“Quem quiser vencer na vida deve fazer como os seus sábios: mesmo com a alma partida, ter um sorriso nos lábios.”(Dinamor)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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Nossa Lê, nunca tinha ouvido e nem visto nada sobre o autor e principalmente de suas obras. Estou feliz em poder conhece-lo e saber o quanto ele cria. Uma bela surpresa e assustadora (para mim), é saber o quanto de obras já foram publicadas e eu ainda não conheci. Percebi que sua resenha foi bem mais ampla, imagino que lhe faltava meios para resumir, amoooo também. este livro esta mais que adicionado. A capa é belíssima.
ResponderExcluirBjsss
Oie
ResponderExcluirEu não conhecia esse livro mas gostei do seu enfoque,só os nomes que são um pouco difíceis de acompanhar.E esse livro é uma ótima forma de dar inicio a uma leitura norueguesa já que nunca li nada de lá.E pelas criticas é boa mesmo.