#Resenha dupla: Assim Mataram Adônis

Título: Assim Mataram Adônis

Autora: Sarah Caudwell

Páginas: 285

Editora: Tordesilhas



Opinião
Nesta resenha dupla, apresentamos duas opiniões:

Amanda (História Muda)


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     Ganhei este livro de presente da Amanda para fazermos uma leitura dupla. Já conhecia o livro, mas nunca tive uma grande vontade de lê-lo. Sabia que era um policial e que talvez eu gostasse da leitura. E foi isso que aconteceu.

      “Assim Mataram Adônis” foi lançado em 1981, numa época que ainda não tínhamos internet e nem celular, a comunicação era feita por telefone, mas quando uma pessoa precisava se comunicar com outra em outro país, a preferência era por carta, pois as ligações tinham um preço um tanto alto, e nem sempre era fácil ligar para a outra.

     E é assim que conheceremos Julia Larwood, pelas cartas enviadas à sua amiga Selena.

“ — Sim – disse Ragwort – sabemos disso. Mas o que Julia poderia fazer que despertaria o interesse de uma agência de notícias internacional?” – Pág. 45 

     Nessas cartas descobrimos que Julia, advogada, completamente atrapalhada e estabanada, foi passar férias (fugir de alguns problemas) em Veneza. Ela se juntou a um grupo chamado “Amantes da Arte” com o intuito de realizar um roteiro de arte e cultura.

     Julia é apaixonada pelos livros de Shakespeare, e inspirada em “Vênus e Adônis”, ela usa seu poder de sedução para viver sua “arte”. Só que Adônis – Ned – é encontrado morto, e Vênus – Julia – é acusada de assassinato.

     As cartas vão chegando para a amiga que lê para os outros amigos advogados e todos tentam decifrar esse mistério. E é nos diálogos desses amigos que vamos conhecer mais de Julia.

     É um jogo feito com palavras que a autora vai amarrando o leitor aos poucos. A leitura no início não é rápida nem simples, mas conforme vai fluindo, fica impossível largar até que o último nó tenha sido amarrado.


     Os amigos não possuem lá muita diferença em suas falas – para ser sincera, achei muito formais e bastante similares – e a pessoa que fala diretamente ao leitor não é Selena nem Julia, e sim uma professora acadêmica chamada Hilary Tamar. Na maior parte do tempo, ela não me pareceu extremamente relevante para o desfecho que se daria, porém ela é sim essencial, em especial nas últimas páginas.

     São ótimos amigos, todos com a certeza de que Julia não é a culpada, não só por não ter a coragem, como por não ter o conhecimento da maneira de se assassinar alguém. Então, além da leitura das cartas, que chegam com um certo delay a Lincoln’s Inn, em Londres, eles praticam uma série de ações, de modo a encontrar o verdadeiro culpado dentre os outros “Amantes da Arte”. Ragwort, Cantrip e Timothy completam o time de defensores de Julia.

     Um fato curioso é que o livro demonstra bem a tônica dos anos 80, com uma liberalidade maior, pois Julia teve um caso tanto com Cantrip quanto com Ragwort (único com quem ela se imaginaria casada), e todos convivem muito bem juntos, mesmo assim. Apesar disso, o machismo ainda é bem latente, e ele será personificado por dois personagens: Vice-Quaestor e major.

     A autora Sarah Caudwell, por ter trabalhado na Lincoln’s Inn de Londres, provavelmente passou bem o quadro geral de como as coisas funcionavam por lá – ou então, utilizou-se de sua experiência para ser irônica e se vingar, vai saber...

     Este não é um livro para devorar, e sim para degustar! Se você possui a paciência para passar por, digamos, umas 80 páginas, o restante voará por seus olhos, a Lelê e eu garantimos!  



Frases Marcantes

“A matrona empertigada deu vazão ao seu espírito marcial reclamando da comida com a aeromoça. Ela não gostou nem da qualidade nem da quantidade. Sua opinião sobre a primeira iria deixá-la, poder-se-ia pensar, indiferente à última – mas não foi assim: ela declarou que a comida estava horrível e pediu uma segunda porção.” – pág. 30

“Considerei as vantagens de irromper em lágrimas: não só isso teria aliviado meus sentimentos, mas também, ao que parece, desestimularia a admiração do major. Considerando minha situação, porém, percebi que não teria um público simpático. Além do mais, parecia possível que o major mudasse de ideia e descobrisse sua preferência por mulheres frágeis e chorosas. Julguei melhor manter-me firme no que restava de meu sangue-frio.” – pág. 50


“Sua opinião, como eu a entendo, é de que, ao lidar com rapazes, não se deve admitir nos primeiros estágios a verdadeira natureza de nossos objetivos, mas, em vez disso, demonstrar profunda admiração pelas refinadas almas e os esplêndidos intelectos deles. Não devemos nos desanimar, se eu a entendi corretamente, com o fato de eles não terem nada disso.” – pág. 54


“Como você sabe, Selena, não sou de forma alguma cínica, ao contrário, sou excessivamente sentimental; mas se as pessoas deixarem que o sentimento interfira em seu planejamento tributário, isso não as ajudará.” – pág. 73 



Capa e Diagramação
A capa é toda fosca e não possui orelhas.
Os capítulos sempre se iniciam numa nova página, que são amareladas e resistentes, com pequenas bordas pretas. O corte do livro é preto. A fonte da letra é pequena e o espaçamento entre linhas é bom; a numeração das páginas está na parte inferior externa. A diagramação é simples.
Encontrei cerca de 10 erros de revisão/digitação, sendo dois deles na sinopse da contracapa. No geral, não atrapalham a leitura.



Leia um Trecho
AQUI
http://tordesilhaslivros.com.br/public/files/tordesilhas-trecho-assim-mataram-adbnis.pdf


Nota
4,0


Autora
Sarah Caudwell (pseudônimo de Sarah Cockburn), descendente de escoceses, nasceu em Londres, Inglaterra, em 1939. Formada em Letras pela Universidade de Aberdeen e em Direito pela Universidade de Oxford, advogou por vários anos nos escritórios do Lincoln’s Inn em Londres, cenário de Assim mataram Adônis. Celebrizou-se como autora de romances policiais ao publicar a série centrada na vida de barristers (advogados especializados conforme a lei britânica) narrada por uma pessoa (o gênero permanece indefinido) especializada em direito medieval que atua também como detetive: Assim mataram Adônis, The Shortest Way to Hades, The Sirens Sang of Murder e A sibila em seu túmulo (publicado no Brasil em 2004 pela Editora Globo). Faleceu em janeiro de 2000.
  

   















6 comentários

  1. Eu gosto muito do gênero,apesar de que nos últimos tempos, anda difícil se prender a uma história que realmente seja boa.
    Não conhecia o livro e achei um pouco confuso,mas creio que não seja assim(minha cabecinha que é lenta demais..rs)
    Vai para a lista de desejados, quem sabe não consiga ler num futuro próximo?
    Beijo

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  2. Oii! Não conhecia esse livro, gostei do enredo, faz tempo q não leio esse gênero, vou anotar!
    Bjs

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  3. A história é boa mas não é o tipo que se pode ler as pressas é meio complicado de entender e até que gostei.
    Abraços!!!

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  4. oi flor, eu gostei da dica, a composição de enredo é diferenciada!
    curti
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  5. Lê e Amanda!
    Gostaria de ler por vários motivos: é um livro policial, um dos meus estilos favoritos; traz cartas como meio de comunicação; se passa nos anos 80, época que vivi intensamente e fala de artes que amo.
    Adorei a resenha dupla, uma complementando a outra.
    Desejo um ótimo final de semana!
    “ O amor é a sabedoria dos loucos e a loucura dos sábios.” (Samuel Johnson)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP COMENTARISTA ABRIL especial de aniversário, serão 6 ganhadores, não fique de fora!

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  6. Olá.
    Parabéns pela resenha, ficou ótima! Não conhecia o livro, mas por ser um dos meus gêneros preferidos, fiquei super curiosa! E por se passar em uma época muito interessante, melhor ainda.
    Dica anotada.
    Beijos!

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