Resenha: O Circo Mecânico Tresaulti

Título: O Circo Mecânico Tresaulti

Autora: Genevieve Valentine

Páginas: 312

Editora: Dark Side Books




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"Os braços da mulher ainda estão bem abertos,

você percebe que ela não parou de falar,

que sua voz sozinha mudou o ar, e quando 

ela continua, "Bem-vindos ao Circo Mecânico

Tresaulti!", você aplaude como se sua vida

dependesse disso, sem saber por quê."

Pag. 13

     Num mundo pós-apocalíptico, onde as guerras são constantes e onde o governo é tirano, existe uma trupi de artistas diferentes de tudo que já vi.

     Boss é a mulher que cuida do circo e de seus personagens.

     A maioria das pessoas neste mundo ou estão mutiladas por terem sido vítimas desta guerra, ou são ex-combatentes, ex-soldados, e tem então uma carga emocional diferenciada, e muitos assassinatos pra contar.

     A cada cidade que Boss chega com o circo, ela acaba levando alguém com talento. Mas os talentos destes artistas são no mínimo... estranhos. Boss tem uma técnica mecânica que transforma humanos em máquinas.

     Seres mecânicos que no lugar dos ossos tem cobre. Alguns com pulmões mecânicos, outros com engrenagens. Homens com asas criadas por ela que realmente voam e são atração neste cenário.

     Trapezistas com ossos ocos, que de tão leves, chegam a flutuar no picadeiro.

"Vê-se um com uma perna falsa, mas hoje

em dia há tantas bombas e tantas pessoas

a serem refeitas que uma perna brilhante

não causa surpresa."

Pag. 15

     Essa sabedoria de Boss e o poder que ela tem para refazer pessoas logo chama a atenção do 'homem do governo'. E outra guerra começa.

"Boss sabe que a razão por que algumas

cidades desabam após o Circo Mecânico

Tresaulti ter passado por ela é que a

vida de uma cidade pisca e treme

quando eles estão próximos."

Pag. 125

     Aliás tem muita luta e tiroteio. Também tem amor e amizade... Tem de tudo neste livro... Vou tentar ser um pouco mais objetiva.

     Steampunk: Apesar de ser uma história pós-apocalíptica, as guerras fizeram com que a humanidade regredisse, portanto a vida que eles levam lembra muito livros de época, adicionando a isso todo o maquinário de Boss, temos então vários elementos steampunk.

     Distopia: Como já disse várias vezes nessa resenha, a humanidade está destruída, existem poucos sobreviventes separados em pequenas cidades, e todos sofrem na mão de um governo dominante.

     Gótico: A narrativa sombria me remeteu ao mundo gótico. Onde a minha imaginação me levou realmente à um cenário negro e triste.

     Fantasia: Os artistas deste circo fazem parte de uma fantasia incrível. Imagine um homem segurar uma mulher pela sola do pé com a palma de sua mão, agora me diga se você não imaginou um gigante?! E um homem alado? Um mundo de fantasia perfeito!

     Romance: Sim, os personagens se relacionam, beijam, brigam. Tudo como manda o figurino romântico.

     Aventura: No meio de tanto tiroteio e das fugas, o que você acha que tem? Muita aventura!

"...Depois, se os homens do governo não o

pegarem, você envelhece duzentos anos

e fica tão frágil que seus ossos se partem

com um vento frio, e quando você 

finalmente cair aos pedaços eu 

dançarei no seu túmulo!."

Pag. 192

     Agora vou falar da narrativa que é bem peculiar.

     Ele é narrado em primeira pessoa por George, o ajudante de Boss. É também narrado em terceira pessoa. No caso este narrador entra de repente na história, sem aviso prévio e conta sua visão da situação. E o que mais me impressionou foi Você narrando; meio maluco, mas é isso mesmo. A autora consegue inserir o leitor na história com trechos assim: ' Você entra na sala e encontra uma pessoa...' Entendeu? Você realmente faz parte do circo.

"Mais tarde, após a batalha, ele se deitará

em meio aos destroços de um prédio

bombardeado, olhando para o céu e

aguardando o resgate, e pensará

em como poderia saltar por sobre

as paredes se tivesse esqueleto de molas."

Pag. 112

     A beleza da capa é algo indescritível; tem vários elementos, é linda, colorida e sombria ao mesmo tempo. Justamente o clima do livro.

     A diagramação é linda, as ilustrações são incríveis e agregam demais na essência da história. Aliás o ilustrados se chama Wesley Rodrigues, premiadíssimo por sua arte.

"Supunha que as pessoas o amavam porque 

ele era lindo. Modos são uma coisa 

diferente - mais rara que a beleza,

e mais duradoura."

Pag. 179

     Apesar de tudo isso, não é um livro fácil. É o tipo de livro que você não pode nem piscar. A atenção tem que estar voltada totalmente para a história. Olhou pro lado, perdeu o fio da meada. Mesmo assim a leitura é prazerosa. 

"A garganta dela está cheia demais

de sangue para responder. A dor

é como uma marca de ferro."

Pag. 52

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