A CHEGADA DOS HUMANOS
Titã 9 estava em
festa! Depois de séculos de espera, finalmente uma nova delegação se juntaria
ao Conselho Galáctico! E não qualquer delegação, diga-se de passagem, mas uma
delegação do sistema Sol, o mesmo de onde vinham os marcianos, de fato, o
planeta vizinho! Se os marcianos eram tão inteligentes e excitantes, o que esperar
de uma raça inteligente que, em termos galácticos, era sua irmã mais nova?
Iwros de Felmal cabia
em si. O homem - ou melhor, a nuvem de
neônio inteligente contida num traje plástico transparente com adaptações de áudio de
primeira grandeza - estava orgulhoso de sua descoberta! Humanos! Quem diria que
seria ele a encontrar e apresentar a mais nova civilização inteligente ao
Conselho depois de tanto tempo? Os avanços científicos e sociais que a introdução
de uma nova cultura traziam ao Conselho eram, sem nenhum exagero,
empresa astronômicos! A história do universo estava sendo escrita e ele, Iwros de
Fel, assinaria aquele novo capítulo de grandeza galáctica!
Sem falar nos livros muito menos metafóricos
e mais lucrativos para os quais já assinara contratos com as editoras mais famosas da
Via Láctea. Só a trilogia “Um Planeta chamado Terra”, “O que eu encontrei na
Terra” e “Cinquenta Tons de Terra” já seria o suficiente para fazer as
futuras gerações de Fel viverem com o conforto que só os gases
nobres conseguem sonhar. Sua autobiografia, “Gasoso e Gostoso”, estava
sendo negociada entre três estúdios de videira mãe provavelmente daria origem a toda
uma nova leva de dramatizações sobre as vidas dos descobridores de civilizações.
Tudo isso graças ao humano que agora esperava num quarto supersecreto do Beta de
Megalom, o hotel que orbitava um sistema complexo de cinco estrelas.
— Mas o que exatamente
é um humano? - Perguntara Soni-Abr-1, a andróide entrevistadora da Rede de Áudio
e Imagem Instantânea.
— Um humano -
respondera Iwros esticando num sorriso a área do que seria uma boca no plástico de
seu traje de contenção - é um representante da nova civilização que
será incorporada pelo Conselho Galáctico. Um humano é, portanto, um ser dotado de
inteligência e capaz de conviver em harmonia com o resto da galáxia. E não é
isso que importa quando procuramos um novo colega de galáxia?
A andróide soltou um
riso simpático, ainda que curto e calculado.
— Ha,ha, ha. Você sabe
que não é isso que eu estou perguntando, seu bobinho. - Como um robô conseguia fazer
uma peruca parecer antiquada estava longe da compreensão de Iwros, mas Abr-1
tinha décadas de prática.
— Vou dar umas dicas,
então. – o gás cedeu. - Humanos são espécie mais inteligentes de Sol-3, ou Terra,
como alguns dos nativos o chamam. Eles são mamíferos extremamente adaptados ao
ambiente em que vivem, e possuem sistemas de
comunicação extremamente desenvolvidos para uma espécie ainda em sua infância.
Muitos deles apreciam um esporte que envolve jogar um objeto esférico uns para os
outros, e os melhores nisso têm seu sustento garantido, ainda mais quando fazem na frente do público.
— Parece uma
espécie bem divertida! - comentou a andróide.
— De fato! - concordou
Iwros. - E você não acreditaria no quanto são bonitinhos!
— E o que o senhor
acha que os humanos ganharão sendo os novos integrantes do Conselho?
— Ah, muita coisa!
Mas principalmente, acho que eles vão apreciar os avanços tecnológicos que o resto
da galáxia já tem. Você acredita que eles não conhecem o
tradutor instantâneo?
— Mas uma
tecnologia tão básica!? - exclamou a andróide horrorizada.
— Pois é! Sol-3 é
tão distante da jurisdição do Conselho que eu nem conseguia atualizar o software do
meu tradutor enquanto estava lá! Eu passei 10 anos confundindo coisas básicas como
“combustível” e “corrosivo”!
O abrupto chamado de
uma campainha trouxe Iwros de volta à realidade. Ele repassava mentalmente a
entrevista sempre que se via sozinho por muito tempo nos últimos dias,
literalmente brilhando de orgulho.
— Pois não?
— O senhor Dorfl’X na
porta, senhor Iwros. - Respondeu a voz robótica da secretária eletrônica.
Dorfl’X? O que o
concierge do Beta de Megalom estaria fazendo aqui? Ele deveria estar ocupado demais
com os preparativos da cerimônia de apresentação do humano, preparando o tanque
e tudo o mais.
— Deixeentrar, Janet.
A porta do
escritório abriu, revelando um homem num uniforme roxo segurando um chapéu no peito
com duas mãos, enquanto outras duas e apertavam firmemente às suas costas. O
homem parecia um garoto prestes a levar bronca do diretor do colégio.
— Algo de errado,
senhor Dorfl’X? Posso te oferecer alguma coisa? O chá de titânia está maravilhoso! É
praticamente lesma arturiana com uma pitada de corrosivo!
— Er… é sobre o
humano, senhor Iwros. O senhor o encontrou desde que chegou da Terra?
— Não. O senhor
sabe como é, senhor Dorfl’X, com toda a agitação dos últimos dias, eu não
tive muito tempo nem pra mim. Aconteceu alguma coisa?
— Bem… sim, senhor de
Fel. Algumas coisas, na verdade.
— Pois diga logo de
uma vez, homem!
— Bom, no começo as
coisas foram muito bem. Ele adorou os peixes frescos. Disse que era raro
come-lostão frescos, mas não argumentou quanto a isso.
— Continue.
— Depois que o humano
comeu, ele foi para a piscina, onde se esforçou para praticar seu esporte. Mas…
bom, ele se mostrou um tanto belicoso com os outros hóspedes. mas tanto agressivo demais
para os níveis do Conselho, se quer a minha opinião.
— Belicoso? Agressivo?
Impossível! Os humanos eram as criaturas mais dóceis de Sol-3 quando eu estiver por
lá! O senhor tem certeza que não havia algo bloqueando o
espiráculo?
— Talvez, senhor… A
verdade é que depois do seu comportamento impróprio na piscina, o humano foi
retirado para a sua suíte, que havíamos preparado conforme as instruções do
senhor, senhor de Fel.
— E então…? - urgiu
Iwros.
— Ele relutou, senhor!
Berrou sérios impropérios na língua nativa, disse que aquilo seria assassinato,
então nós… bem, nós meio que o jogamos lá dentro e trancamos a porta. Talvez ele
melhorasse depois de um tempo em seu habitat natural. Eu sei que eu não fico
muito bem depois de viajar tanto.
— Então ele está em
seu quarto agora?
— Ele morreu, senhor.
Aparentemente, a espécie do nosso convidado não era aquática, apesar do que dizia
o seu dossiê, senhor Iwros.
Como não
eram aquáticos? Iwros estivera na Terra e observara cada forma de vida em busca de
uma que fosse digna de juntar-se ao panteão das civilizações galácticas!
Foram anos e anos de pesquisa naquele buraco selvagem! Como poderia ter cometido um
erro daqueles? Anos e anos fora do alcance do toque civilizado do Conselho!
Quase uma décadas em atualizar seu software de tradução instantânea…
— Oh, droga!
O software de tradução
estava realmente defasado. De fato, foi só quando Iwros foi ao hotel reconhecer
o corpo que ele entendeu que a versão antiga do programa trocara a palavra
“humano” por “golfinho”.
Wowww!!!!Show!rs
ResponderExcluirMesmo tendo umas pitadas generosas de ficção científica, gênero que não curto demais, adorei claro os trocadilhos e o "inverter" de lados que o conto nos proporcionou.
A raça humana merecia um dia estar do outro lado da história.
Muito, muito bom!
Beijo
mais um texto incrivel!a genialidade não tem limites!
ResponderExcluirhttp://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/
Ual Bruno arrasou!!
ResponderExcluirEu amo ler TD que envolve ficção científica, o tema não poderia ser outro, amei!
Bjs!
Eu simplesmente não consigo gostar desse gênero, nem em filme sou atraída, tirando Star Wars os demais passam batido. As resenhas até me animam pois se mostram dinâmicas e cheias de aventuras mas esse tipo de fantasia não é minha praia.
ResponderExcluirBruno!
ResponderExcluirOnde você foi buscar esse nome: Iwros de Felmal?
Me acabei de rir com a trilogia que será lançada por ele, coisa de terráqueo, viu?kkkkkk
Gasoso e Gosto? Fantástico!kkkkkkk
O senhor Dorfl’X? kkkkkkkkkMaravilha de criatividade.
kkkkkkkkkkkk
Bacana!
Amei!
Ficção com comédia é tudo de bom!
Parbéns!
“Quer você acredite que consiga fazer uma coisa ou não, você está certo.” (Henry Ford)
cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA FEVEREIRO: 3 livros + vários kits, 5 ganhadores, participem!
BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!