Resenha: Sem Rumo

Título: Sem Rumo

Autora: Liliane Prata

Páginas: 198

Editora: Planeta



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     Um livro adulto que fala sobre a São Paulo dos anos oitenta, mas nada da parte bonitinha da década, e sim da realidade, do quase submundo.

"Sentia-se sozinho tendo-a ao seu

lado, mas poderia se sentir

completamente sem rumo sem a

presença dela."

Pag. 124

     Fernando era um homem problemático. Trabalhava demais, mas não porque precisava tanto, e sim para ter motivos para não voltar pra casa.

     Julia, a esposa de Fernando, vivia só. Carente e até um pouco submissa, clamava a atenção do marido, porém este não correspondia. Ela fazia tudo para agradá-lo, e não entendia o que faltava à ele. A desculpa era sempre as preocupações, alegava estar cansado e de cabeça cheia. Mas não era totalmente verdade.

     aliás Fernando mentia muito.

"Aquele que era um bom ouvinte havia

se transformado em um interlocutor distante."

Pag. 42

     Fernando viveu um vida de mentira; em meio a promiscuidade, as drogas e tudo de pior que um homem casado pode fazer.

     O relacionamento dos dois vive uma montanha-russa que mais desce do que sobe.

     A história é narrada em terceira pessoa pelo ponto de vista de todos os personagens. O foco principal é Julia e Fernando, mas todos os coadjuvantes tiveram algum momento seu, mesmo que em forma de lembrança. E garanto que isso trouxe uma carga de veracidade imensa à trama. Saber os motivos de cada um para suas atitudes deixa tudo muito real.

"Se eu descobrir alguma coisa, qualquer

deslize da sua parte, isso não vai

ficar assim. Entendeu?"

Pag. 90

     Em meio a boates, sexo, drogas e música é que a vida se desenrola.

     Fiquei com nojo de Fernando diversas vezes. Que homem horrível! Mas o pior é saber que ele não é nada de anormal. Existem muitos Fernandos no mundo.

     Senti pena e raiva de Julia. Como uma mulher se submete a um casamento assim? Também não é nada incomum. Com certeza já ouvi muitas histórias de mulheres como ela.

     A narrativa da autora é pesada e chega a ser cruel. Não chega a chocar, há emoção em suas palavras, Não é uma história leve, é dolorida e deixa os nervos à flor da pele.

     Gostei muito do jeito que Liliane Prata escreve, com certeza lerei mais livros dela. Talvez pegue "O Mundo de Muriel", só para ver como ela se sai em um infantojuvenil.

     Quanto as descrições das ruas de São Paulo... simplesmente adorei passear tão perto de casa e por lugares que conheço. Essa variação me agradou muito!!

     Recomendo para leitores adultos que não tenham preconceito!!

     Adorei!!