Resenha: Laranja Mecânica


Título: Laranja Mecânica

Autor: Anthony Burgess

Páginas: 342

Editora: Aleph

Ilustradores: Dave Mcken, Oscar Grillo e Angeli


COMPRE AQUI:

Edição comemorativa: AMAZON,  BUSCAPÉ,  SUBMARINO

Edição brochura:  AMAZON, BUSCAPÉ,  SUBMARINO





     - Então, o que é que vai ser, heim?

     O Alex sempre faz essa pergunta, e eu me pergunto como expressar tudo que senti com essa leitura?


"Isso era tudo. Eu estava condenado.
E só tinha quinze anos."
Pag. 130



     Neste mundo distópico criado pelo autor, vive um garoto chamado Alex. 

     Num mundo onde tudo tem que ser correto, tudo caminha da maneira como o governo tenta mandar, existem gangues formadas por adolescentes que vão contra tudo. Contra o governo, contra o que é certo, contra a religião, simplesmente pelo prazer de ser do contra mesmo. 

     Apesar desses adolescentes terem em média  quinze anos, eles de infantis não tem nada. São extremamente violentos e ninguém consegue segurá-los.

     
"Ou você podia pitar leite com faca dentro,
como a gente costumava dizer, e isso te
aguçava e te deixava pronto para um
vinte-contra-um do cacete, e era isso o
que estávamos pitando naquela noite
com a qual começo esta história."
Pag. 42


     Alex e mais três amigos costumam se encontrar para tomar o Moloko, que é um leite misturado com substâncias que causam efeitos diversos. Para Alex e seus amigos o efeito é a ultraviolência. Depois de tomar Moloko eles saem pela cidade barbarizando, assaltando, estuprando, espancando, fazendo tudo o que a sociedade não aceita.

     
"Você tem uma bela casa aqui, bons pais
que te amam, você não tem um cérebro lá
tão ruim. É algum diabo que entra dentro de você?"
Pag. 88


     Com o tempo os amigos começam a não serem tão amigos assim, e depois de aprontarem na casa de uma senhora, a polícia chega e só Alex fica dentro da casa. Logo ele é preso e condenado.

     Anos se passam com ele dentro da cadeia até que o Ministro resolve usar Alex como cobaia de um projeto do governo. 

     Acontece que as cadeias estão com a lotação máxima, o regime presidiário não resolve nada, um preso entra ruim e sai pior, aprende até o que ainda não sabia, e mais e mais bandidos chegam todos os dias.

     (Nossa, será que isso era só neste mundo?)

     Enfim, neste projeto o delinquente será tratado contra a violência. A base de drogas e tortura, ele deverá sair da cadeia um novo homem. Gentil, prestativo, educado e avesso a violência por toda a vida.


"Ele não tem nenhuma escolha, tem? A
preocupação consigo mesmo, o medo da
dor física, o levaram a esse ato grotesco de
autodepreciação. Sua insinceridade estava clara.
Ele deixa de ser um malfeitor. Ele também 
deixa de ser uma criatura capaz de escolha moral."
Pag. 194


     A única coisa que Alex queria era sair da prisão. Não mediu as consequências.

     Aliás, nunca mediu consequência nenhuma. Nem tudo que fez para ir parar na prisão, nem o que fez lá dentro para sair dela.

     
" - Pode não ser bom ser bom, pequeno 6655321.
Ser bom pode ser horrível. E quando digo
isso a você, percebo o quão auto-contraditório
isso soa. Eu sei que perderei muitas noites de
sono por causa disso. O que Deus quer? Será que
Deus quer bondade ou a escolha da bondade?"
Pag. 156


     O livro é dividido em três partes. A Primeira Parte conta a trajetória do nosso anti-herói. Sua vida, sua família, seus amigos. Tudo que ele fazia o tempo todo.

     A Segunda Parte vem contando a vida dele preso. Tudo que ele passou dentro dessa instituição muito duvidosa.

     E na Terceira Parte vamos descobrir o que houve com ele depois da sua estadia na cadeia. A reação dos pais e amigos. E toda a conclusão da história. Desde os conflitos políticos e religiosos, até o que Alex faz dele mesmo.


" - Ora, vamos dar uma caminhada - eu disse - e
videar o que aparece. Ó, meus irmãozinhos."
Pag. 46


      Já assisti o filme Laranja Mecânica umas cinquenta vezes, mas não se compara ao livro. E eu achei que o filme era perfeito, já que foi dirigido por Stanley Kubrick. Não desmerecendo o mestre do cinema, mas sei que Kubrick sempre coloca sua visão em suas obras, chegando até a mudar algumas coisas para que fiquem do seu gosto. Sou fã, mas o final do livro é diferente; é filosófico, é maravilhoso, é perfeito!! Não que o final do filme não seja, mas... você precisa conhecer os dois para entender.


"Você fica ali jogado depois de tomar o
bom e velho moloko e aí fica com a messel
de que tudo ao seu redor meio que já 
aconteceu antes."
Pag. 44


     O livro é narrado por Alex na língua nadsat diretamente para quem está lendo. Desse jeito mesmo, do jeito que eu estou falando com você agora, é assim. O Alex vai contar pra você tudo que aconteceu com ele. E a língua nadsat é a língua que os jovens falam, como eles se comunicam. 

     Outra coisa muito interessante em Alex, é que apesar da quantidade de gírias que ele usa, o seu jeito de falar beira o Shakespeareano, chamando o leitor e seus amigos de irmãos e fazendo toda uma reverência que é só dele. Encantador ao mesmo tempo que é amedrontador. Ao som de Ludwig van Beethoven e falando como um lorde inglês pós-moderno, Alex faz coisas que até o Diabo duvidaria.

     A história toda é incrível, a narrativa é fenomenal, é tudo perfeito.

     Quanto ao trabalho da editora:

      A Aleph tem sempre o poder de fazer o leitor se emocionar logo no prefácio. Esse não é o primeiro que eu me emociono!!

     Neste prefácio vamos saber muito mais sobre o autor, é uma breve biografia que conta tudo que é mais importante saber sobre a vida de Anthony Burgess. Também vamos saber mais sobre a obra como um todo. Inclusive sobre a linguagem usada pelo autor, o nadsat.

     Porém, recomendo que caso você não tenha lido o livro ainda, deixe para ler o prefácio depois de concluir o livro, pois ele tem spoilers que podem tirar sua curiosidade em relação a leitura.

     Uma coisa que li no prefácio e achei bem interessante, é que o autor não queria que tivesse um glossário. Anthony queria que seu leitor mergulhasse na sua obra e entendesse sua linguagem sem ficar olhando em um dicionário. Que descobrisse o sentimento e o significado de suas palavras com o decorrer da leitura. E, apesar de eu ter assistido dezenas de vezes o filme e saber o significado de muitas delas, eu me entreguei e não olhei nenhuma vez sequer o glossário. E FOI DIVINO!!!

     Entender o que o autor queria passar com suas palavras foi algo que nunca mais vou esquecer!!! Pude realmente sentir tudo da maneira como ele queria. Por isso recomendo que você faça o mesmo. Se esforce um pouco mais, use a criatividade e a memória. Siga as instruções do autor e seja muito mais feliz depois de ler.

     Ainda tem muito mais, momentos filosóficos e uma grande crítica política fazem parte desta obra. Toda a filosofia contida no livro você encontrará também nos Extras que a editora também disponibilizou para os leitores. Vale a pena ser lida com atenção.

     Tem um glossário para os que insistirem em ir contra o desejo do autor. E também as páginas com anotações e ilustrações do autor. Um Luxo!!!

     E por falar em ilustrações; a Primeira Parte tem ilustrações do inglês Dave McKean. A Segunda Parte vamos encontrar as ilustrações magníficas do Angeli e a Terceira Parte é ilustrada pelo argentino Oscar Grillo. Todas lindas!!!

     Acho que já deu pra entender que eu dei nota máxima para o livro né? Que favoritei para a vida toda?!!

     Gente, quem não leu, deve ler com certeza!!!


     No alto da página eu coloquei as duas versões encontradas deste livro, a brochura que é linda e a edição especial de 50 anos, que é a que eu tenho. Mas eu sou fã de verdade, por isso comprei o ebook na Amazon, só pra ver como ficou a outra versão. A diferença que encontrei é que na versão simples não tem as ilustrações, acho que foi a única diferença mesmo. Além de, claro, a edição especial ter capa dura e uma jacket linda!!! Mas tá aí, três opções para você adquirir o livro. 



     Muitos artistas e músicos já fizeram homenagens para o Laranja Mecânica, por isso vou deixar vocês com uma delas. A de uma banda que eu amo, o U2, a música é Alex Descends into Hell for a Bottle of Milk / Korova 1





 

8 comentários

  1. Já vi o filme. E o que posso te dizer sobre a história do filme é que não me agradou muito.Agora ler o livro não li ainda. E nem sei se vou ler. Pois estou com receio de me decepcionar.
    Beijos.

    ResponderExcluir
  2. Adorei o filme, é uma forma "agressiva" ou não, de demonstrar que os jovens tem uma mente meia que louca. Mas aprende se uma coisa. Não importa os meios que queira usar, nunca irá se mudar uma essência de alguém com nada. Nada pode mudar o que alguém realmente é. Alex foi um protagonista incrível e mostrou muitas lições, mesmo as delas sendo agressões. Mas é a realidade, não era para nós estarmos acostumados com isso, mas enfim. Eu amei o filme. Tenho o livro aqui, mas achei super difícil de ler, quero tentar mais pra frente. As palavras me confundiram e essa leitura vai ser demorada.
    Abraços Alê,
    ThayQ.
    http://leituras-insanas.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  3. Oi Alê, tudo bem?

    Esse livro é um grande clássico. Mas confesso que eu não tenho vontade de ler. Sabe quando o livro não faz o seu estilo e você tem medo de ler e acabar empurrando a leitura com a barriga? É o que acontece comigo =(

    beijos
    Kel
    www.porumaboaleitura.com.br

    ResponderExcluir
  4. Lelê, o que falar desse livro que pouco conheço mas já considero pakas? #Brincadeira
    O que eu posso falar desse livro? Genial seria bom. Esse livro revolucionou meu mundo, para falar a verdade. Eu o li tem alguns meses e nunca mais fui o mesmo. Afetou um tanto minha visão política, minha visão de mundo e também a minha visão da literatura. Afinal, depois de ler uma obra dessa, você já não se contenta tanto com certos livros, né?
    E o que falar do Alex? Gente, ele é o meu personagem favorito em todos os livros que eu já li. E tenho certeza que entre todos os livros que um dia eu vá escrever ou ler. O autor trabalhou uma profundidade bruta e poética no Alex que é inenarrável. A verdade é essa. Após ler o livro eu fiquei rendido, de verdade.
    Então, minha cara drugue, esse seu humilde comentarista amou a resenha. E, claro, não poderia deixar de falar do trabalho incrível da Aleph, né? Essa versão comemorativa está tudo de bom!

    M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de dezembro

    ResponderExcluir
  5. oi Lê, eu vi o filme aqui na faculdade para entender um pouco dos processos psíquicos de reforços positivos e negativos e confesso que senti a trama toda muito forte para meu estômago!
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  6. Lelê, que resenha maravilhosa! Acredita que eu nunca assisti ao filme? Apesar de gostar muito dos filmes do Kubrick esse acabou me escapando. Quanto ao livro, me disseram uma vez algo do tipo: "ah!, é muito complicado e tal, você não vai se dar bem com ele não", e agora me arrependo muito por ter passado tanto tempo protelado a leitura. Ao contrário, a leitura dele me pareceu recompensadora de uma forma única, ele com certeza é um dos livros que entraram pra minha lista e que me deixou mais intrigado. espero conseguir ler em breve.

    Dois abraços ;)

    ResponderExcluir
  7. Oi Lelê. Que louco esse livro né! Amo histórias distópicas, mas acho que essa tem um fundo de realidade, principalmente nessa parte dos presídios. kkkkk (isso nem é de rir, mas tá! :P). Adorei a resenha. Bjoks da Gica.

    umaleitoraaquariana.blogspot.com

    ResponderExcluir
  8. Gente, Laranja Mecanica é tudo <3
    Gostei muito da resenha de vocês, e estou louca para comprar a edição de 50 anos. *---*
    Espero não me iludir por ter olhado o filme primeiro, haha.

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Topo